A Escola Estadual Criança Cidadã (Caic), em Cáceres, foi ocupada por 350 pessoas, entre estudantes, pais e professores, na noite da última terça-feira (1º). Eles são contra o fechamento da unidade, que inevitavelmente deve acontecer, já que o dono do prédio onde a escola está instalada solicitou o espaço de volta. Se fechada, a unidade deixará de atender mais de 800 alunos.
A professora Joana da Silva Santos, que atua há 15 anos no local, conversou com o DIÁRIO e contou que uma notificação da Prefeitura de Cáceres chegou à escola no mês de setembro. “Fomos avisados de que o município - dono da área – quer o espaço de volta para a construção de uma creche”, lembrou.
Sendo assim, a escola Caic deixaria de existir. “O que pode acontecer é a extinção da escola, e com isso, os estudante serão remanejados para outras unidades, o que não vai ser aceito pela comunidade”.
Desde que tomaram conhecimento da situação, os alunos começaram a se mobilizar e, conforme a professora, as ocupações dos estudantes nas escolas de São Paulo (SP), serviram para dar um gás na mobilização local.
Agora, a comunidade escolar pede que providências sejam tomadas. Eles almejam que a unidade continue funcionando na atual sede, até que uma nova seja construída.
“Os alunos foram responsáveis pela mobilização. Eles tomaram frente da ocupação e desde que souberam do que pode acontecer, estão debatendo o assunto em audiências públicas e se posicionando contrário ao fechamento”, disse Joana.
A estudante Gabriela Gil, 14 anos, deve deixar a escola neste ano, já que cursa o 9º ano – última série do Ensino Médio que é atendida na unidade. Ainda assim, ela é uma das estudantes que está à frente da mobilização contra o fechamento.
“Acho importante a gente construir esse movimento, pois tem muitos alunos que moram próximos do colégio, e teriam um problema maior em se descolar até outras unidades. Fora que a escola está em boas condições, tem uma estrutura ampla para atender a demanda dos estudantes, o que não se encontra nas outras”.
Outra preocupação da jovem, que também é dos pais e professores, é de que muitos alunos tenham que estudar na escola do outro lado da rodovia, uma das mais movimentadas da cidade, além de ser bastante perigosa.
“Até que achem uma solução para o problema, e que esteja dentro do que a comunidade busca, vamos continuar na ocupação. Por tempo indeterminado”, disse Gabriela.
A escola existe há 18 anos na cidade. Hoje ela atende em média 820 alunos, que cursam desde o 1º ano do Ensino Fundamental até o 9º ano do Ensino Médio, além de 80 funcionários.
Para os alunos que estão participando da ocupação, diversas atividades estão sendo realizadas. Ontem eles tiveram oficinas de cartazes, e voluntários da comunidade vão trazer outras ações, como oficina de música, fotografia e histórias.
A professora Joana destacou que a ação dos alunos mostra um lado mais sensível com as condições da educação pública, bem como a de assumirem uma responsabilidade por melhorias coletivas.
A alimentação no local está garantida por meio de doações que receberam desde o primeiro dia do movimento. Eles se organizaram também para realizar a limpeza do espaço.
Como a ocupação segue sem data para acabar, as aulas estão suspensas. No entanto, o ano letivo de 2015 está chegando ao fim. “Se encerra no dia 18”, lembrou Joana.
Para que os alunos não sejam prejudicados, a coordenação escolar vai planejar em conjunto com eles, atividades que poderão ser feitas para complementar a carga horária. Foi ressaltado que nenhum estudante será prejudicado.
OUTRO LADO – Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirmou que hoje começa o processo de negociação com a Prefeitura de Cáceres, para que a unidade continue em atividade até que uma nova sede seja construída, o que se dará em 12 meses.
“A Seduc garante o direito à educação de todos os alunos e, como de praxe, aberta ao diálogo com todos os estudantes, profissionais da educação e a comunidade”.