A Justiça Federal deferiu nesta semana o pedido do Ministério Público Federal (MPF) referente à necessidade de o ministro da Justiça se manifestar a respeito da solicitação feita para a presença da Força Nacional ou do Exército no garimpo ilegal, localizado na Serra da Borda, distante 18 km do município de Pontes de Lacerda (a 457 km da Capital) - com objetivo de realizar uma nova operação de desocupação e proibição do acesso à área.
Conforme o MPF, as informações são de que cerca de duas mil pessoas teriam retornado para o garimpo uma semana após uma força-tarefa coordenada pela Polícia Federal concluir a operação “Terra do Nunca” e desocupar totalmente a área.
Na petição encaminhada à Justiça Federal, o MPF pediu que o ministro da Justiça seja notificado a se manifestar sobre o caso. “(...) a situação é de extrema necessidade e urgência da ocupação da área do garimpo por uma força de segurança permanente para assegurar a preservação da ordem pública, de modo a impedir a continuidade da prática de crimes na localidade e o desrespeito indiscriminado ao cumprimento de ordem judicial”, diz trecho do pedido. Contudo, até o momento, a Polícia Federal informou que ainda não recebeu nenhuma notificação por parte da Justiça para realizar uma nova operação na área de garimpo ilegal, localizada na Serra da Borda.
Com relação à morte de Rodrigo de Souza Barbosa, de 25 anos, que foi linchado até a morte pelos demais garimpeiros após atingir um tiro na cabeça de um menino, de 11 anos, no último domingo (13), a Polícia Civil informou que ninguém havia sido preso até então. Porém, o delegado de Pontes de Lacerda, que estava responsável pelo caso, Luiz Felipe Nascimento, informou que registrou o fato, mas teve que remeter o caso para Polícia Federal, pois, segundo ele, a área está sendo tratada como jurisdição da Justiça Federal. No entanto, o PF relatou que ainda não foi notificada a respeito dessa informação.
As informações da Polícia Civil dão conta de que Rodrigo teria percebido uma movimentação estranha no garimpo e atirou algumas vezes para o alto. No entanto, o último tiro que deu, já com o revólver baixo, atingiu a cabeça da criança. Na ocasião, um grupo de garimpeiros ficou revoltado com o fato, e foi para cima de Rodrigo e começaram a agredi-lo com socos e chutes por todo o corpo. Rodrigo foi encaminhado para uma unidade médica, mas, horas depois, acabou morrendo.
Já a criança baleada na região craniana foi socorrida pelos garimpeiros que estavam no local, e encaminhado para uma unidade de saúde da cidade. Porém, por se tratar de uma lesão grave, foi transferido para o Hospital Regional de Cáceres. Segundo a Unidade de Saúde, o menino perdeu massa encefálica, já que o tiro atravessou sua cabeça. O estado de saúde dele atualmente é delicado, por isso, o menino segue internado na UTI da unidade e respira com a ajuda de aparelhos.
Além disso, sobre a cobrança da taxa de até R$ 50 para poder entrar na área de garimpo ilegal, o delegado da Polícia Federal, Jesse James de Freitas, relatou que ainda não tem detalhes de quem estaria fazendo essa cobrança. "Recebemos a informação de que começaram a cobrar novamente a entrada no garimpo. Assim que a Justiça definir quem irá realizar a segurança do local, daremos início aos levantamentos necessários”, declarou ele em nota para imprensa.