Crime na aldeia:famílias pedem prisão de indígenas
Por Yuri Ramires/Diário de Cuiabá
30/12/2015 - 10:09
Não bastasse o assassinato de dois jovens índios Enawenê Nawê continuam a cobrar pedágio na MT-170
Faltando 10 dias para completar um mês da morte dos amigos Genes Moreira dos Santos Júnior, 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, 25 anos, os três principais suspeitos do crime, todos índios da etnia Enawenê Nawê, ainda estão soltos, para o desespero das famílias, que aguardam por Justiça.
A Polícia Federal, que está investigando o crime, já havia informado que pediria a prisão preventiva dos suspeitos, mas até o momento a família não sabe se a Justiça aceitou ou não a denúncia dos indígenas. O inquérito policial corre em segredo, por isso o órgão não comenta mais nada a respeito do caso.
As famílias, que são partes diretamente interessadas na investigação, não sabem em que pé está à situação, mas, ressaltaram à imprensa que até hoje não tiveram acesso aos pertences das vítimas, entre eles uma caminhonete F-1000 e uma quantia que gira em torno de R$ 21 mil, sendo R$ 15 mil em espécie.
Genes e Marciano foram sequestrados no dia 09 de dezembro, após terem supostamente furado o pedágio dos índios na MT-170, em Juína. O corpo dos dois só foi entregue ao delegado Hércules Ferreira Sodré, da Polícia Federal, três dias depois. Desde o dia do sumiço, as famílias temiam que eles tivessem sido mortos pelos indígenas.
A confirmação só aconteceu no dia 14, quando Sodré interrogou uma testemunha ocular do crime, essencial para identificar o trio que matou os amigos. No caso, trata-se de um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Juína.
O órgão ainda só se manifestou dias após a confirmação do envolvimento dos índios no duplo homicídio, dizendo que está acompanhando o caso, mas pediu cuidado para evitar que criminalizem toda a comunidade indígena da etnia.
O caso mexeu com toda a cidade, inclusive a sede local da Funai foi atacada algumas vezes, por isso, a Força Nacional de Segurança foi chamada para conter os ânimos, proteger os servidores e o patrimônio federal.
Mas, em nenhum momento se citou as famílias das vítimas, que agonizam há quase um mês em busca de informações concretas sobre as mortes. A população de Juína já se mobilizou em atos públicos para cobrar o esclarecimento do caso, mas, até agora, de nada adiantou.
Enquanto não há informações sobre a prisão dos índios, e o clima de revolta ainda transparece na cidade, a Polícia Militar orientou aos não-índios que evitem passar pelo pedágio dos Enawenê Nawê, na MT-170.
Na mesma semana em que os índios foram apontados como suspeitos do duplo homicídio, a Polícia Civil apreendeu, em porte deles, três caminhonetes frutos de ações criminosas. Ainda assim, nada foi feito e os índios continuam cobrando de R$ 50 a R$ 100 no pedágio realizado na rodovia estadual.