No dia 12 de fevereiro o escritor cacerense José Ricardo Menacho, professor do Curso de Direito, da Universidade do Estado de Mato Grosso, iniciará em Cáceres a agenda de lançamentos de seu livro “O PLURAL DO DIVERSO: conversas sobre a dignidade humana”. Como uma espécie de convite, compartilho com vocês, minhas considerações acerca da obra.
A partir da epígrafe extraída de uma das falas do personagem Riobaldo, do inspirador romance “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, iniciamos a caminhada pelas páginas de O PLURAL DO DIVERSO: “O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão”.
Olhar a vida através dos olhos de Riobaldo. Ter nos olhos a sensibilidade do momento, da transitoriedade como principio, meio e fim. Procuramos estar sempre em dia com nossos exames oftalmológicos. Temos uma “visão de lince”, mas éprivilégio de poucos ter a visão de raio X do Super-homem. Aquela que vai além; que vê o que os comuns dos mortais não conseguem. Quando lemos as crônicas de José Ricardo Menacho é que percebemos a nossa miopia em relação a alguns elementos que nos cercam.
Em conversa descontraída de fim de tarde, regada a tapioca, para matar as saudades das terras nordestinas, o autor, na sua modéstia peculiar e na simplicidade de sua juventude, disse que o prefácio feito em seu livro pela Professora do Curso de Letras da UNEMAT, Vera Maquêa, já compensaria a sua leitura. Vera, realmente, é uma dessas pessoas com o dom de usar as palavras certas em todas as ocasiões. Reconheço seu talento desde os tempos que colaborava comigo no então jornal “A Noticia”.
Contudo, agora lhe afirmo, meu caro José Ricardo, que tanto o prefácio como a obra se equivalem. Vera não conseguiria escrever se não fosse atingida interiormente. Tudo precisa de estímulo para brotar e lhe garanto que principalmente as palavras. Não existe geração espontânea para a criação literária. Não é difícil falar sobre o seu Plural, justamente pela singularidade dos
assuntos que aborda. Não é livro para ser lido e figurar na estante da sala, mas sim para estar sempre à mão, reler, treler, refletindo, defendendo ou contestando seus posicionamentos.
Nem sempre temos a coragem de defender os nossos pontos de vista com tanta veemência e convicção como o autor. Ao fim de cada capítulo somos quase que forçados a tomar uma posição, como diz a Professora Vera no prefácio:“atendendo às suas provocações”. Eé bom que todos se sintam profundamente provocados a, pelo menos, entender a respeito da tão propagandeada dignidade humana ou mesmoa refletir sobre a inversão de valores que vem se impondo ao ser humano, tirando dele até a capacidade de resistir, uma vez que tudo está se naturalizando.
Ao mesmo tempo em que o livro representa, por meio das crônicas, o dia a dia de uma cidade do interior, que perdeu seu pedestal de segunda e terceira mais importante do Estado para os novos núcleos populacionais que foram surgindo, tocados pelo boom do Agronegócio, audaciosamente esmiúça as mais diversas áreas da problemática universal que afligem o homem contemporâneo.
O papel da mulher na sociedade, os apartheids, a xenofobia interna (confiram o texto “Eu amo o Nordeste [...]”), o papel da Educação, as desigualdades sociais. E a redução da maioridade penal? Ser contra ou a favor: Eis a questão. José Ricardo sempre se coloca diante dos temas e apontaa sua proposta de mudança. Mudança, prestemos atenção nessa palavra. Estamos preparados para ela? Aceitar o novo, quebrar paradigmas. Quanta coisa já pesando em seus ombros tão jovens!
Não sou versada à crítica literária, nem me atreveria a tanto. Hoje me dedico a gostar ou não do que leio. Eu gostei [...] e fim!
Profª. Vanilda Castrillon M. Dantas - Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Cáceres.