Programa seria para atender a um projeto social do governo boliviano

Propriedades  rurais de Mato Grosso, credenciadas pelo Indea, estão fazendo a quarentena de novilhas vindas de Rondônia, que estão sendo exportadas para a Bolívia através do recinto aduaneiro do Ministério da Agricultura localizado na Corixa, divisa com a Bolívia, no município de Cáceres. O engenheiro agrônomo e fiscal federal agropecuário Natanael Ferrarezi, que é chefe da UVAGRO em Cáceres, explica que o fato pode ser considerado “histórico”, uma vez que nunca aconteceu antes. Todos os trâmites para a exportação estão sendo feitos pelo Ministério da Agricultura através da unidade de Cáceres, acompanhados por Ferrarezi e pela médica veterinária Helen C. L. Ferrareto.

Dois lotes de novilhas de 13 a 24 meses totalizando 934 animais já foram exportadas, de um total de 6 mil novilhas adquiridas até agora. O processo é feito através de pecuaristas brasileiros (até agora, de Rondônia e Mato Grosso) credenciados, que exportam para um único importador credenciado pelo governo boliviano, dentro de um acordo bi-lateral firmado entre o Brasil e a Bolívia(Ministério da Agricultura e Senasag).

Por não dispor de estrutura, a Bolívia requisitou que a quarentena dos animais fosse feita em propriedade rurais do Brasil. Até agora, as novilhas exportadas vieram de um fazendeiro de Rondônia, permanecendo em quarentena em fazendas da região de fronteira. “Acompanhamos o processo juntamente com técnicos do Senasag, que é o órgão de fiscalização animal da Bolívia. É um processo rigoroso e os animais que vão seguem em perfeitas condições de saúde. A meta é a exportação de novilhas para reprodução. São futuras matrizes. O lado bom é que a Bolívia terá meios de melhorar geneticamente seu plantel”-explicou Ferrarezi.

Ele falou também das dificuldades para atender os requisitos para que a exportação fosse possível. “Como não acontecia, não existia uma única gaiola credenciada junto a Agência Nacional de Transporte Terrestre para fazer o transporte dos animais para a Bolívia. Hoje temos 11 delas em ação”.

O acordo foi firmado no final de novembro do ano passado e tem despertado o interesse do pecuarista brasileiro.

O fiscal afirmou não ter conhecimento da finalidade do acordo. A reportagem buscou informações e, extra-oficialmente,  constatou que as novilhas são distribuídas a pequenos produtores bolivianos (duas para cada propriedade), para que eles iniciem o programa de reprodução de gado. Seria um programa social do governo Evo Morales, um “bolsa-novilha”.

Os chamados “comitês cívicos” da Bolívia são os responsáveis pela distribuição dos animais.

“Não temos essa informação –afirmou Ferrarezi. Recebemos a orientação para cuidar do processo, atendendo principalmente condições da sanidade do animal exportado. Ainda esta semana, será encaminhado o terceiro lote de novilhas, até San Mathias”.