Considerado um dos maiores produtores de grãos do Brasil e com dezenas de cadeias produtivas em pleno desenvolvimento Mato Grosso é considerado um estado promissor. Boa parte destas conquistas se deve ao trabalho dos produtores rurais que trabalham de "sol a sol" na produção de alimentos para sustentar a humanidade. Neste dia 25 de julho muitos demonstram orgulho por exercer a atividade, sabem de sua responsabilidade diante da economia, mas dizem que não têm muito para comemorar.
É o caso de José Aparecido Cazzeta. Emocionado ele conta que nasceu produtor rural e tudo que aprendeu na vida foi trabalhando na roça. "Não tive a chance de frequentar um banco escolar, mas tive uma escola de vida trabalhando na roça", diz. O produtor conta ainda que tem orgulho de ser produtor rural porque sabe que ajuda a sustentar o Brasil. "Somos nós que levamos o sustento para a mesa de cada brasileiro", acrescenta.
Na opinião de Cazzeta, a cidade não vive sem o campo e é o agronegócio que sustenta a balança comercial e está sendo considerado o maior gerador de empregos. De acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, em janeiro de 2016, dos 6,9 mil postos de trabalho gerados em Mato Grosso, 5,8 mil foram no setor agropecuário
Cazzeta destaca ainda que a vida do produtor é muito sofrida. "Principalmente a do pequeno e do médio que acabam sendo mais atingidos pelas intempéries do clima, o dinamismo da tecnologia e várias outras coisas. É por isso que precisamos estar sempre aprendendo porque o conhecimento minimiza os prejuízos e ajuda a melhorar a rentabilidade".
Mas não é só isso, o produtor, que também é presidente do Sindicato Rural de Diamantino, enfatiza que não há vida sem o campo. "É importante apontarmos o que produzimos. Ninguém vive sem comida, roupas e sapatos. Para as roupas é preciso ter algodão, para os sapatos é preciso ter o couro e, até mesmo os pneus dos carros são feitos com a borracha produzida no campo. Quando paramos para pensar podemos ver que tudo está relacionado ao campo".
Assim como Cazzeta, Albino Castilho Ruiz também é de uma família de produtores rurais e está presidente do Sindicato Rural de Nova Ubiratã. Vindo do Paraná, na década de 80, é um dos pioneiros na região. Em Mato Grosso a família Ruiz produz soja, milho e também desenvolve a cadeia produtiva da bovinocultura de leite. Na opinião de "seo Bino", como é popularmente conhecido na região, ser produtor é um desafio constante. "Mas é um desafio gostoso. É preciso gostar, caso contrário não prosperamos. É uma vida onde precisamos estar sempre em busca de conhecimento".
A história da maioria dos produtores de Mato Grosso é parecida. Regis Adriano Desordi Porazzi é da terceira geração de produtores rurais. Sua história começou na Itália, onde o bisavô trabalhava na terra. "Ser produtor rural é mais que uma tarefa ou uma profissão, é ter o compromisso de produzirmos alimentos para a humanidade". Ele é outro que chama a atenção para uma reflexão sobre a importância dos produtores para o país e para o futuro da humanidade.
O pecuarista Jairo Alves de Souza concorda com os demais e acrescenta: "Todo ser humano precisa do produtor rural pelo menos três vezes por dia, ou seja, no café da manhã, no almoço e no jantar. Somos nós que colocamos comida na mesa de todos. Não adianta ter dinheiro se não tem alimento para comprar". Ele conta que nasceu produtor rural e se tornou engenheiro agrônomo para adquirir conhecimento e tecnologia para ampliar a rentabilidade. "Mesmo assim nossos desafios são constantes".
O produtor Clovis Carlos de Paula, que também é comerciante, assim como os outros, ressalta que trabalhar com a terra é uma das atividades mais importantes do mundo. "Se não fosse essa atividade, Mato Grosso não seria um estado tão promissor como é. Este estado foi construído basicamente por produtores rurais que são pessoas determinadas e, que acreditam no futuro. Demonstram isso anualmente arriscando o patrimônio em cada safra. Os desafios são muitos e incluem intempéries climáticas e oscilação do mercado".
E assim, na voz destas pessoas que contaram um pouco de sua história que se mistura com a do desenvolvimento do Estado, os produtores rurais de Mato Grosso comemoram mais um dia do produtor rural. Apesar de dizerem que não há muito para festejar, eles se orgulham de trabalhar no campo, admitem que são persistentes e que gostam da atividade.