Eu achava que tinha fé.
Rezava todas as noites antes de dormir
e jurava por Deus que minha fé era inabalável.
Até uma notícia, no ano passado, estremecer todas as minhas estruturas.
No meio de um dia aparentemente normal, no horário do almoço,
recebo uma mensagem da minha irmã.
Como estávamos sem nos falar, briga besta,
achei que era alguma tentativa de reaproximação.
Em menos de 5 minutos cheguei no meu trabalho, e lá estava ela.
Com um envelope que mudaria todo o meu – o nosso – conceito de fé.
Nele, o resultado que nos tirou o sono e a calma durante meses:
Nossa mãe estava com câncer.
Nesse dia, eu descobri que meus problemas eram ínfimos perto daquilo tudo.
Naquele dia, eu coloquei meu joelho no chão e rezei.
Aos prantos, eu conversei com Deus da forma mais sincera que pude.
Trouxe Deus pra perto do meu peito e pedi, com meu coração, que ele salvasse meu bem mais precioso.
E foram meses de teste.
Cada dia, uma lição, uma provação.
Chorar aliviava, mas de nada adiantava.
Nessas horas, é preciso tirar forças para dar
a quem mais precisa – e, no caso, não era eu.
E o que é ter fé?
Fé é crer no invisível.
É saber que o melhor será feito, por mais que tudo te mostre o contrário.
É crer que Deus tem o melhor preparado pra você!
Depois de longos meses.
De cirurgia, de quimioterapia, de cabelos ao chão,
enfim, a fé venceu.
Minha mãe está curada.
Mas eu acredito que não foi só ela quem venceu.
Algo aqui dentro se fortaleceu.
Algo dentro dela aflorou e se fortificou.
Nossa família se uniu ainda mais e o amor e a fé a solidificou.
Juntas, minha mãe, minha irmã e eu nos vimos sólidas, resistentes.
Juntas, compreendemos que nada é capaz de nos abalar.
A fé fez estada em nossa família.
E não pretendemos mais deixá-la partir.
Mirella Carvalho tem a estranha mania de ver tudo como num conto de fadas; ela acredita que, desta maneira, tudo fica mais sutil, menos pesado. E assim ela prefere levar a vida.