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Rio Paraguai enfrenta pior seca desde a década de 70
Por Natália Araújo/Gazeta Digital
11/10/2020 - 10:11

Foto: reprodução

araguai como fonte de sustento. Os efeitos da pior seca enfrentada desde a década de 1970 são gritantes, margens que sequer existiam, hoje estão cada dia maiores, e dão lugar ao areal que se perde de vista, tornando até mesmo irônica a placa sobre o risco de afogamento.

As calçadas do centro de Cáceres, princesinha do Paraguai, (225 Km a oeste de Cuiabá) antes rodeadas pela água, agora estão em um cenário semelhante ao de um deserto, seco, acompanhado de sol forte com temperaturas acima dos 40ºC.

Buscando pela memória, em seus 43 anos de vida, Sérgio Cesar da Silva, conta que nunca viu o rio tão baixo como está agora. “Pelo contrário, o que sempre vi era muita água”, lembra o pescador. Porém, a mudança no comportamento das águas já é percebido há algum tempo por Sérgio que, há 11 anos, tem as águas do rio Paraguai como seu escritório de trabalho.

 “Nos últimos anos diminuíram os peixes grandes, agora a gente só pega aqueles miúdos”, queixa-se, indicando a ausência de espécies como o pintado e jaú, encontrados em grandes profundidades.

Com essa situação deste ano, a preocupação de Edson Santana, 50, é que, em 2021, quando a pesca for retomada, até mesmo os exemplares de menor porte também estejam comprometidos. “Com pouca água, como os peixes vão conseguir se reproduzir? O problema vai ficar ainda pior”, diz o pescador em tom apreensivo.

Navegar em grandes ou pequenos barcos, em alguns trechos, já não é mais possível, por isso, a reportagem encontrou canoas encalhadas na areia e as chalanas estacionadas às margens do rio.

Em um ponto onde, até o ano passado, os pescadores se aglomeravam para participar do festival de pesca, agora fica apenas um homem.

Conhecido como Jhonny Walker, o morador da praia de Cáceres se dirige ora para a baía do Malheiros, ora para a orla. Durante certo momento do dia, é possível flagrá-lo sentado em uma cadeira, debaixo de um guarda-sol, se refrescando, onde antes passavam embarcações de grande porte. “Olhem só como está o rio hoje”, gritou à reportagem do jornal A Gazeta.

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