Cáceres abriga um dos maiores festivais de pesca do Brasil, o Fipe. Todos os anos, a largada deste festival acontece na Praia do Daveron, um dos pontos turísticos de Cáceres, a 220 km de Cuiabá. Mas, por que o local recebe este nome? Quem é o Daveron?
Alexander Solon Daveron foi um cientista que escolheu Cáceres para viver e acabou tornando-se um personagem da história local, pois, além de empreender vários trabalhos científicos, realizou diversas viagens e fez contatos com indígenas.
Ele chegou a Mato Grosso em 1930 por meio de uma expedição científica norte-americana ao Oeste brasileiro e à Bolívia. A expedição escolheu como local para o acampamento principal a cidade de São Luiz de Cáceres.
Alexander Solon Daveron (Foto: Arquivo pessoal)
Entre idas e vindas, Daveron viveu em Cáceres, por mais de 50 anos. Neste período, desenvolveu estudos científicos, comércio de mate e estudos sobre leishmaniose.
Em 1937, Cáceres era a cidade mais próxima de Descalvados, localidade onde Daveron vivia. Na época, eram cerca de 5 mil habitantes. Lá haviam várias lojas onde eram vendidas muitas mercadorias, medicamentos e roupas.
Praia do Daveron durante realização do Fipe. (Foto: Reprodução)
Barcos a vapor levavam mercadorias que saíam de Corumbá. A cidade também tinha um bom número de carpinteiros e mecânicos. Daveron alugou uma chácara ao Norte da cidade, às margens do rio, que serviria de base para expedições por território indígena.
Imagens de Daveron
Além dos estudos científicos, Daveron colecionou uma série de imagens daquela época (1930-1987). O acervo reúne cerca de 250 fotografias, das quais a maioria foi produzida em preto e branco.
Daveron, na sua casa em Cáceres. (Foto: Arquivo pessoal)
As imagens se tornaram fonte de pesquisa registram vários momentos como expedições, estudos sobre morcegos e lobos, tentativas de empreendimentos comerciais como os negócios com erva-mate e mulas, contatos com diversos povos indígenas, as caçadas, cenas cotidianas na mata e na cidade, amigos e companheiros, além do Rio Paraguai.
Hoje, esta coleção de fotos tem grande importância, pois o grupo indígena Umutina ficou bastante reduzido, são poucas as fontes de estudo disponíveis sobre este povo.
Casa do Daveron
A casa onde o cientista morou continua preservada, bem ao lado da praia que recebe nome dele e que aparece nos períodos de seca. A casa se tornou da sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo, a Sematur.
Casa onde Daveron morou e onde funciona a Sematur. (Foto: Pedro Miguel)
Além de ser o ponto de largada do Fipe, a praia é onde amigos se reúnem para jogos, festas e piqueniques. O acesso é fácil e aberto ao público.
A praia é sazonal, só aparece nos períodos em que o rio está baixo e se torna um verdadeiro atrativo turístico para moradores e visitantes.
Praia surge no período de baixa do Rio Paraguai. (Foto: Reprodução)