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Justiça decreta internação de jovem que matou família aos 16 anos em Cáceres
Por G1 MT/Diário de Cuiabá
26/01/2013 - 16:07

Foto: arquivo
A Justiça determinou a internação compulsória de um rapaz do município de Cáceres, a 250 km de Cuiabá, acusado do assassinato em 2006 do pai, da mãe e do irmão de apenas três anos de idade. À época dos crimes, o jovem tinha 16 anos de idade. A decisão é do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e atende a recurso interposto pelo Ministério Público Estadual (MPE). Devido a problemas psicológicos, a internação compulsória foi a medida pleiteada pelo MPE desde 2009 como forma de assegurar que o rapaz, que já chegou a cumprir medida socioeducativa no Complexo Pomeri, entrasse em liberdade. O primeiro pedido de interdição do rapaz foi negado pela Justiça tanto em primeira quanto em segunda instância. O rapaz já passou por diversos tratamentos psiquiátricos e as instituições atestaram sua condição de insanidade mental, bem como a impossibilidade de viver em sociedade. Hoje, o jovem está recolhido a uma casa de recuperação e, por força da decisão judicial, não poderá abandonar o tratamento. Isso porque o STJ considerou os argumentos do Núcleo de Apoio para Recursos (NARE), do MPE, por meio de um agravo em recurso especial para que, neste caso, a internação do rapaz deixasse de ser considerada voluntária para passar a compulsória. Além disso, a ministra Nancy Andrighi, relatora, determinou que seja realizado um novo laudo pericial psiquiátrico no rapaz até o julgamento do recurso especial. As informações são da assessoria de imprensa do MPE em Mato Grosso. RELEMBRE O CASO matéria publicada pelo Diário de Cuiabá em 17/10/2006 Adolescente tinha comportamento instável Professoras de L., que assassinou a faca os pais e o irmão adotivos em Cáceres, revelam que rapaz tinha temperamento difícil e era apelidado de “esquisito” CLARICE NAVARRO DIÓRIO Da Sucursal de Cáceres Um menino de temperamento difícil, aluno com baixo rendimento escolar, e que sempre teve acompanhamento psicológico, desde a infância. Esse é o perfil do adolescente L., que na madrugada do último sábado matou a facadas os pais adotivos e o irmão de três anos. As informações foram fornecidas ao Diário por professoras da Escola Estadual Ana Maria das Graças Noronha, localizada no bairro Jardim Padre Paulo, onde a mãe do adolescente era professora, e onde ele estudou desde a pré-escola. Com 16 anos, ele estava cursando a 8ª série, tendo sido reprovado por dois anos consecutivos. Depois de estudar por muitos anos na escola Ana Maria, ele foi transferido para outras, devido ao seu comportamento, mas deu trabalho em todas. As duas professoras que deram entrevista pediram para ter a identidade preservada. "Respeitamos a família, que está sofrendo tanto pela perda como pelo fato do menino ter sido o autor dos crimes". Ouvido na tarde de domingo pelo Ministério Público, o adolescente manteve as mesmas informações fornecidas à Polícia Civil e continua afirmando ter agido sozinho. "Esquisito". Assim, com esse apelido, L. é chamado pelos colegas. Desde pequeno, sempre gostou de brincadeiras que machucavam os outros. "Ele apontava o lápis e furava os coleguinhas. Dava tapas na cabeça. No recreio, pendurava no pescoço dos outros. Parecia sentir prazer em desconcertar, ferir as pessoas. Quando era levado à diretoria, o que acontecia muito, ficava com ar absorto, olhar distante, não respondia nada. E não assumia seus atos. Depois de crescido as brincadeiras pioraram, como soltar bombas dentro da escola." As professoras afirmam que não se trata de desajuste familiar, mas sim de desvio de personalidade. "Ele sempre teve pais muito presentes. Sua mãe tentou que trabalhasse e estudasse à noite, não deu certo. Ele tinha dificuldades na escola porque não tinha nenhum interesse em assimilar. Uma vez, sua mãe disse que tinha medo de deixar o filho pequeno com ele por causa das brincadeiras brutas que ele fazia. Apesar de tudo, com a mãe ele tinha uma relação carinhosa". CRIME - O adolescente L. confessou, na tarde de sábado, ter sido o autor do triplo homicídio, ocorrido na casa onde morava no bairro Massa Barro, em Cáceres. A professora Júlia Messias da Silva Gonçalves, de 43 anos, era tia biológica do adolescente, que foi criado por ela desde bem pequeno. Segundo o delegado Joacir Batista dos Reis, o adolescente relatou os fatos com frieza. "Ele disse que estava sendo constantemente cobrado pelos pais devido ao seu comportamento e baixo rendimento escolar e então resolveu "se livrar do problema". Foi exatamente essa frase que ele usou" - disse o delegado. "Ele demonstra ser um adolescente problemático num nível mais elevado do que o normal, mas a realização de exames específicos para determinar seu perfil psicológico dependerá da determinação do judiciário", prosseguiu o delegado.
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