Cáceres:Portal turístico abandonado
Por Diário de Cuiabá
24/02/2013 - 10:11
Às margens da BR-070, a estrutura de concreto e aço lembra uma oca enferrujada. Os moradores de Cáceres (225 km a oeste de Cuiabá), porém, preferem chamá-la de "caranguejão".
Erguê-la custou quase R$ 800 mil em verbas do governo do Estado e do Ministério do Turismo. Depois da inauguração, em 2005, três reformas drenaram mais R$ 300 mil dos cofres estaduais.
O projeto previa uma base de apoio aos turistas em visita ao Pantanal, com estandes para acesso a informações sobre passeios, divulgação da cultura e venda de peças de artesanato.
Passados sete anos, porém, o Portal Temático e Turístico da cidade tornou-se um símbolo do abandono e do desperdício de dinheiro público.
Em lugar dos visitantes pretendidos, passou a acolher moradores sem-teto, tornou-se ponto de prostituição e, não raro, abrigo para consumidores de drogas.
Um dos cômodos do espaço é hoje a "casa" de Claudinei Costa de Almeida, 42 anos, um andarilho que diz viver no local há mais de um ano.
Instalado em um colchão velho, em meio a lixo, mosquitos e garrafas vazias de aguardente, ele se declara "indignado" com a situação.
"Isso aqui é uma vergonha! É desperdício de dinheiro público! Uma obra deste tamanho, abandonada. Isso aqui tem dinheiro meu e seu", declara.
Segundo ele, o local raramente recebe a visita de “autoridades” e não passa manutenção ou limpeza desde que chegou ao local. “Isso aqui está abandonado. Essa é a verdade”, diz.
Vizinhos do portal, representantes das 150 famílias sem-terra do acampamento Cássio Ramos, do MST, confirmam a situação e se dizem prejudicados.
“A fossa dos banheiros transborda frequentemente e toda a sujeira e o mau-cheiro desce para o nosso lado”, reclama Elisângela Oliveira, de 23 anos. “Nos últimos meses, nós é que temos feito a limpeza de lá.”
Segundo ela, outro risco é quanto à segurança. “Quando anoitece, chega muita gente para usar droga e se prostituir por lá. Temos muito medo”, revela.
Em 2011, o ex-prefeito Túlio Fontes qualificou a estrutura como “um elefante branco na entrada da cidade” e sugeriu que fosse transformada em posto policial. A proposta, porém, não vingou.
A assessoria do atual prefeito, Francis Maris Cruz, disse que a prefeitura avalia com a Secretaria Estadual de Turismo (Sedtur) a possibilidade de assumir a gestão do espaço.
Procurada, a Sedtur disse que o local deverá mesmo ser repassado ao município, que se encarregaria de gastos com manutenção e funcionários. A intenção, segundo a secretária, é reativar o portal ainda neste ano.