Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Homofobia: 10 anos sem punições
Por Diário de Cuiabá
17/03/2013 - 06:52

Foto: arquivo
Em 10 anos nenhum assassinato contra homossexuais foi julgado em Mato Grosso. De acordo com a ong LivreMente, ao menos 50 crimes comprovadamente homofóbicos ficaram impunes no período. Em 2012 o Estado registrou aproximadamente 13 mortes por homofobia. Com a impunidade, crimes contra o público têm aumentado, sendo que três assassinatos, com requintes de crueldade, foram confirmados no último mês na Grande Cuiabá. De acordo com Clóvis Arantes, presidente da ONG LivreMente, que há 17 trabalha com o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), Mato Grosso não reconhece o público homossexual e por isso extinguiu programas que tratavam da temática no governo. “Há dois anos Mato Grosso não tem nenhum órgão específico que cuide da homofobia. Programas das secretarias de Educação, Saúde e Segurança foram extintos na atual gestão. O Estado ainda fechou o Centro de Referência LGBT e no lugar instituiu um centro de referência para as minorias em geral, o que limita as pautas LGBT’s.” Arantes afirma que o governo de Silval Barbosa recusou recurso do governo Federal para criar um Conselho Estadual LGBT. “Faz mais de oito meses que as ongs de Mato Grosso entregaram, em mãos, um documento na Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), indagando a recusa do recurso e até agora ainda não recebemos resposta. Existe uma determinação do governos estadual que não se dialogue mais com os LGBT’s. Todas as minorias tem conselhos estaduais, exceto a nossa”, afirmou. Segundo o presidente, os atos de violência acabam sendo subnotificados por falta de recursos. Ele estima que há, pelo menos, 30% a mais de crimes do que se constata. “As mortes por homofobia que foram comprovadas são em grande parte por conta da denúncia da mídia que consegue enxergar os casos. Porém, o poder público ignora a questão e diversos crimes passam despercebidos.” A reportagem do DIÁRIO tentou entrar em contato com a SEJUDH, porém não obteve resposta. VIOLÊNCIA - A violência também vem chamando atenção. Os assassinatos são cercados de crueldade, tortura e escatologia. Em diversos casos as vitimas são espancadas e violadas antes ou depois de morrer. No começo do mês um caso chocou os mato-grossenses. Um assassino confesso de dois homossexuais afirmou que se saísse da detenção iria cometer os atos novamente e as próximas vítimas seriam mutiladas, queimadas e enterradas, com intuito de dificultar o trabalho da polícia na localização do corpo. O psicólogo, Mauro Falca explica que a ditadura de normas e conceitos que a sociedade impõe tudo o que é diferente acaba sendo alvo de estranheza e esse não compreendimento gera os atos de violência. “Tudo tem que estar dentro do quadrado do padrão. O que foge é descaracterizado como algo humano e por isso é alvo de preconceitos e violências desmedidas. Na cabeça desses agressores, o homossexual não é considerado gente então isso justifica qualquer ato. A repulsa e ver o desejo do outro ou se ver no outro não consegue ser controlada.” Para Falca a única forma de se combater o preconceito é investir na educação. “Não há outra saída. Mas, tem que pensar em toda a educação, mídia, escola, universidades e família. Só assim o que é diferente vai passar a ser respeitado”, afirma.
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