Sempre Conceito (especial para o Diário de Cáceres)
Por por Samuel Atala
17/03/2013 - 07:51
Todos somos iguais aos olhos do Pai e eu não poderia ser diferente, por isso hoje resolvi contar um pouco da minha vida. Nasci no dia 31 de Julho de 1984 em Várzea Grande /MT, passei minha infância junto com minha avó Gertrudes Atala, que era uma baita costureira e uma maravilhosa cozinheira, Éramos só eu e ela, a minha mãe estava muito ocupada viajando pelo mundo e por isso não fez parte da minha criação nem o meu pai, que eu nem sei que é. Às vezes minha mãe aparecia para ver como estavam as coisas. Em Cuiabá foi la que eu descobri que eu era gay. Todos sabiam, menos a minha vó, que não queria aceitar essa verdade, nem minha mãe.Sempre fui zoado na escola (bullyng) e sempre sofri com isso, o que contribuiu muito para a construção da minha personalidade que se tornou duvidosa com o passar dos anos.Quando eu fiz 11 anos vendemos a nossa casa de Cuiabá e viemos Cáceres, em 1995. Aqui fui matriculado na escola Esperidião Marques.
Considero a mudança uma coisa boa: outros ares, gente nova, vida nova e isso ajudou a mudar a minha personalidade que estava afetada com a vida em Cuiabá. Fiz inúmeros amigos aqui, e também alguns inimigos. Minha adolescência foi cheia de descobertas, vi que eu era realmente um homossexual. Na verdade, fui muito 'baderneiro', aprontava todas mas era adolescente e quando os mais velhos vinham aconselhar, dizia: "relaxa eu sei o que faço". É ai que a gente vê que acha que sabe quando na verdade não sabe é de nada, mas isso só descobrimos depois que quebramos a cara e nisso eu era especialista.
Quando eu completei 18 anos me bateu a sensação (ilusória) da fase " oba,sou maior de idade posso fazer o que quero agora" e então comecei a fazer o que me dava na veneta, saia sozinho ia em festas, me relacionava com muitos homens eu não tinha muito pudor.Foi quando proposta de de ir trabalhar na Unemat, que aceitei de imediato pois eu via nisso a minha independência financeira de vez. Entrei como telefonista e comecei a adquirir as coisas- e com elas muitas dividas, me afundei muito.Passado algum tempo me tornei funcionário interino da Unemat, fiquei muito feliz com aquilo, meu salário dobrou. Começava ali uma nova fase em minha vida. Passei no Vestibular para Pedagogia, estava empolgado com tamanha transformação, eu frequentava as aulas com ânimo e garra, fiz mais amizades, viagens com novos amigos e é claro muito trabalho na Unemat, onde ganhava bem mas gastava mais do que eu ganhava. Até que um dia,no ano de 2005, era em junho e eu tinha ido como ajudante aplicar prova do vestibular em outra cidade eu e uma outra professora.Foi tudo normal, mas quando retornamos a tarde veio a noticia de que tinham fraudado o vestibular em Cáceres. Primeiro fiquei assustado, e pensei logo na pessoa que tinha me colocado dentro da instituição.Liguei para ela, não atendia. Estava depondo na delegacia. Comecei a pensar besteira. O clima estava muito pesado. Todo mundo era suspeito, inclusive eu. Passado alguns dias, eu já estava paranoico. Levantei e fui até a polícia, assumindo uma culpa que nunca tive, afirmando que eu era o autor da fraude. Passei dois meses preso. Sofri muito ,mas eu não estava arrependido pois na minha cabeça estava que eu tinha salvado a pele de quem tinha me ajudado um dia,eu achava que devia' aquilo. e que udo tinha se resolvido. Mas depois que eu sai da cadeia minha vida ficou de pernas pro ar: perdi tudo que tinha conquistado na vida, minha família me desprezava. Os amigos??? Sumiram todos, eu já não era mas aquele Samuel querido pelas pessoas, eu era o Samuel bandido,fui morar na casa de uma prima aqui em Cáceres e passei um bom tempo com uma profunda depressão. Viajei para fora do Brasi, depois voltei ai eu já estava mais na lama. Não arrumava emprego, as portas não se abriam mais para mim. Foi ai que eu resolvi procurar uma religião me aproximar mais de Deus e tentar em sua presença mudar minha vida.A essa altura vovó já tinha falecido. Eu cheguei a morar um tempo na rua, mendigar, não ter nem o que comer, fui ao fundo do fundo do poço.Sei que eu errei em assumir uma coisa que realmente eu não fiz, mas fico feliz pois isso tudo que me aconteceu serviu para crescer e amadurecer minha cabeça que ate então era de moleque.
Hoje estou com 28 anos, moro em Cáceres, estou desempregado mas moro e cuido da minha mãe e tenho minha casa própria. Me viro fazendo bicos.Na Páscoa, farei ovos de chocolate. Aceito encomendas!