Em uma audiência pública na Câmara de Cáceres, a comunidade autista local expressou de forma contundente a urgente necessidade de profissionais especializados para atender pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em diversas faixas etárias. Pais atípicos lotaram o plenário, compartilhando relatos emocionantes e cobrando políticas públicas efetivas.

A falta de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e Atendentes de Desenvolvimento Infantil (ADIs) na rede municipal de saúde, educação e assistência social estiveram entre os principais problemas apontados. O promotor do Ministério Público, Saulo Martins, enfatizou a urgência de um concurso público para essas áreas, citando a carência de profissionais no Centro Especializado em Reabilitação (CER). Ele alertou que o diagnóstico precoce se torna ineficaz sem um CER adequadamente equipado.

A criação de cursos de nível superior para formação desses profissionais também foi destacada durante a audiência, como forma de suprir a demanda local. Entre as instituições de ensino que poderiam receber esses cursos estão a Unemat, Fapan e Unopar. Representantes da Prefeitura informaram que um processo seletivo para a contratação desses e outros profissionais também está previsto, embora sem data definida.

Outra pauta central foi a importância da implantação de um Centro de Atendimento Multidisciplinar Pedagógico e Inclusivo (CAMPI) na cidade. Essa unidade ofereceria uma equipe completa e especializada para atender pessoas com deficiência, incluindo indivíduos com TEA de todas as idades. O secretário de saúde, Claudio Henrique, explicou que o município busca recursos de emendas parlamentares e transferências governamentais para viabilizar o CAMPI, reconhecendo a limitação financeira da prefeitura para implementar o centro sozinha.

Vereadores presentes reforçaram a necessidade de maior diálogo entre o poder público e a sociedade, bem como a união das secretarias de Educação, Saúde, Assistência Social e Esporte para melhorar a realidade das pessoas com TEA. Mães de filhos autistas compartilharam experiências de preconceito e ressaltaram a urgência de campanhas de conscientização sobre o TEA.

A audiência, conduzida pela presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Elis Enfermeira (PL), durou mais de quatro horas e abordou mais de 20 demandas. Ficou definido que, nos próximos 15 dias, haverá uma reunião entre a comunidade autista, a Câmara e a Prefeitura para definir encaminhamentos e prazos. “Uma nova audiência pública está agendada para fevereiro, após o recesso parlamentar, para que o Legislativo acompanhe todo o progresso das demandas”, reforçou Elis Enfermeira.

A iniciativa da audiência foi da Comissão de Saúde, Higiene e Promoção Social (SHPS) em parceria com a Associação de Pais e Amigos de Autistas de Cáceres (APAAC), e contou com a participação dos secretários municipais Claudio Henrique (Saúde) e Franservio Piovesan (Educação), vice-prefeito Luiz Landim, e os vereadores vice-presidente da Câmara, Isaías Bezerra (REPUBLICANOS), Jorge Augusto (PP), Pacheco Cabeleireiro (PP), Jerônimo Gonçalves (PL), Cézare Pastorello (PT), Marcos Ribeiro (PSD) e a vereadora Valdeniria Dutra (PSB). 

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