Esta terça-feira (25) é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
No entanto, Mato Grosso não tem nada para celebrar.
Ainda faltando mais de um mês para o fim de 2025, o Estado já alcançou a triste marca de 51 feminicídios neste ano, ultrapassando o número de 47 casos registrados ao longo de todo 2024.
Naquele ano, ocupou o primeiro lugar do ranking nacional de mulheres brutalmente mortas dentro do ambiente doméstico e familiar.
Na madrugada do domingo (23), Gislaine Ferreira da Silva, 35 anos, foi assassinada a facadas pelo marido, em Sinop (503 km ao Norte de Cuiabá).
O crime ocorreu poucas horas após a Polícia Militar ser acionada por vizinhos, durante uma briga do casal.
De acordo com o boletim de ocorrência, a primeira chamada ocorreu por volta de 2h40.
Quando os policiais chegaram ao endereço indicado, encontraram Gislaine da Silva jogando na rua diversas ferramentas do marido, como chaves, motosserra e um rolo de fio elétrico.
Aos militares, a vítima contou que não houve agressão e relatou que o marido havia a traído e tinha saído para “putiar”.
Ela não apresentava ferimentos aparentes e foi orientada a registrar o caso e pedir medida protetiva. Após buscas, o suspeito não foi localizado.
Contudo, cerca de uma hora e meia depois, a PM voltou a ser chamada para atender ocorrência no mesmo endereço, sendo que, desta vez, a informação dava conta de uma pessoa esfaqueada.
Ao chegarem o local, os policiais encontraram a mulher caída no chão, com perfurações pelo corpo.
O suspeito, de 34 anos, tocava na vítima e tinha um ferimento na cabeça.
Aos policiais, uma testemunha relatou que o homem chegou ao local e iniciou uma nova discussão com a esposa, desferindo chutes e socos.
Ele e outros vizinhos conseguiram separar a briga, mas o agressor entrou na casa, pegou uma faca e avançou contra a vítima e passou a golpear Gislaine Ferreira, repetidamente.
A testemunha correu até o quintal, pegou um pé de cabra e atingiu a cabeça do agressor, que desmaiou, interrompendo os golpes.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada, mas a mulher não resistiu e morreu ainda no local.
O homem foi socorrido pelos bombeiros e levado à unidade de pronto-atendimento da cidade, onde permaneceu em observação.
Além de 2024, o número de feminicídios neste ano é maior desde 2021, com 43 mortes.
No ano seguinte, foram 47 casos e, em 2023, 46, conforme estatística do Observatório Caliandra, do Ministério Público (MP-MT) com base em dados da Polícia Civil e sujeitos a alterações após o oferecimento formal da acusação contra o agressor pelo MP.
LÍDER EM FEMINICÍDIO - De acordo com levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, Mato Grosso figura na liderança do ranking nacional de feminicídios, com a maior taxa de assassinato de mulheres em razão do gênero no ano de 2024, com 47 casos.
Segundo os dados, Mato Grosso registrou uma taxa de 2,5 casos de feminicídio para cada 100 mil habitantes.
A média geral nacional é de 1,4 casos. No ano de 2023, o Estado também foi líder de feminicídios, com 46 mortes.
DIA INTERNACIONAL - O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado hoje é uma mobilização global pela implementação de políticas efetivas de combate à violência de gênero.
A data lembra as mortes das irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), torturadas e assassinadas na República Dominicana, em 25 de novembro de 1960, a mando do general Trujillo.
Em reconhecimento à luta das três, que se tornaram símbolo de resistência contra o regime de opressão e violência, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a data em 1999.
No Brasil, especialmente Mato Grosso, apesar dos avanços no combate à violência de gênero, especialmente com a criação da Lei Maria da Penha e do aumento da pena de feminicídio, o cenário segue alarmante.