Nesta noite, me faço presente nesta Tribuna, não só como representante da classe dos advogados da 3ª Subseção de Cáceres, mas principalmente como Cidadã Cacerense que tem orgulho da Terra de São Luiz. Nosso município foi sempre ponto estratégico não só para o Brasil. Cáceres, fundada em 1778, pelo então Capitão General da Capitania de Mato Grosso, Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, recebeu primeiramente o nome de Vila Maria do Paraguai, em homenagem à rainha de Portugal, D. Maria I. Posteriormente São Luiz de Cáceres e finalmente Cáceres. Terra de gente hospitaleira, trabalhadora, honesta e Feliz. Quando tomamos conhecimento, já por jornais eletrônicos do conteúdo vexatório em que expunham a fundação da Cidade de Cáceres e outros municípios através de Apostilas pagas pelo Governo do Estado de Mato Grosso, em um curso de qualificação a estudantes de Turismo e Hotelaria proposto pela Secretaria de Trabalho, Emprego e Assistência Social visando a Copa de 2014, não poderíamos nos calar. Foram confeccionadas 7.000 apostilas para serem distribuídas em vários municípios agraciados pelo Curso de Qualificação profissional acima descrito, o qual infelizmente, em todos os sentidos, mais uma vez Cáceres não foi inserido, mesmo se tratando de uma das mais conhecidas cidades turísticas não só do Mato Grosso, mas do Brasil. Dessas 7.000 apostilas, após 15 dias de curso em andamento nas cidades agraciadas, verificou-se que em 40 delas, isso é o que foi afirmado pelos “irresponsáveis”, existia conteúdo retirado de um site de sátira, debochando e enxovalhando não só a história da fundação de Cáceres, mas de outros 03 municípios, sendo estes repassados aos alunos como verdade, uma vez que estavam frequentando um curso de qualificação promovido pelo Estado de Mato Grosso. Disseram-me que tudo que aqui viesse falar, seria jogado ao vento, que o “incidente” ocorrido, já estava nas mãos das Autoridades e que os atos de deboche seriam muito maior do que Cáceres e que nada do que fizéssemos seria viável. O que então seria viável? Ficarmos calados? Esperar o resultado da investigação determinada pelo Sr.Governador do Estado quanto a suposta sabotagem efetuada pela funcionária demitida do Instituto Concluir, a quem foi contratado para confecção das famigeradas apostilas e a suposta responsável por inserir o conteúdo denegrindo a nossa fundação, a nossa história? O que tem a história de Cáceres que foi vilipendiada com isso? Somente sabemos que dinheiro público foi gasto sem licitação e com o Aval da Sra. Secretária de Trabalho Emprego e Assistência Social, Sra. Roseli Barbosa, ora primeira Dama do Estado e consequentemente do Governador de Mato Grosso Sr.Silval Barbosa, já que a este coube nomear seu Staff de Governo, para a disseminar impropérios a respeito da fundação do nosso município. São responsáveis sim, pois a estes cabiam revisar o conteúdo das Apostilas para depois colocá-las em circulação. Foram de sua responsabilidade a contratação dos instrutores do Curso de qualificação, que não “perceberam” as palavras de baixo calão, as vulgaridades direcionadas a história da cidade e que somente após 15 dias, conforme informações expostas na mídia verificaram-se tais, como disseram irregularidades. A responsabilidade do Gestor Público não está em se apresentar em solenidades, em angariar para si os bônus das boas ações realizadas, mas sim de qualquer ato que esteja sob o seu aval, ou seja, onde possua a sua assinatura, a sua determinação de “cumpra-se”, “promova-se”. Se, como afirmaram, o “erro” ocorreu, a culpa é principalmente do Gestor direto, que não teve a responsabilidade de verificar, de avaliar, de consertar antes de colocar o projeto em andamento. Como Cacerense, sinto-me extremamente menosprezada, vilipendiada, desrespeitada pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por deixar circular conteúdo vexatório, mentiroso em material gráfico de sua autoria e direcionado a disseminação do turismo em detrimento da nossa história, da minha casa. Sinto-me mais uma vez menosprezada como Cacerense, por Cáceres, mesmo sendo uma cidade turística, não fazer parte do circuito de investimento do Governo, neste caso direcionado ao Turismo. Ainda, por saber que dinheiro público gasto inescrupulosamente poderia estar nas mãos da maior Instituição de Ensino do Estado de Mato Grosso, a Unemat, o qual poderia facilmente confeccionar as melhores apostilas, pois possuem corpo docente mais que qualificado, gráfica, editora, tudo. Nós temos que mostrar ao Governo do Estado que os Homens e Mulheres deste município respeitam e tem muito orgulho da sua história, da sua raiz e não deixarão que Ninguém, NINGUÉM, macule o nome desta Terra. Neste momento conclamo para que os Senhores Edis, assim como a Prefeitura Municipal de Cáceres, emitam, não só uma Nota de Repúdio, mas tomem todas as providências judiciais, provocando a quem de direito para que repare o absurdo ocorrido. Sr. Governador, seja honesto não só com os municípios atingidos com os deboches e xingamentos em detrimento da história de cada um promovido pela SETAS, mas principalmente seja honesto consigo, quanto gestor público, pois coube ao Senhor as nomeações para ocupação dos cargos e se algum deles, por ação ou OMISSÃO errou, assim o fez na investidura do cargo e o ônus é de sua inteira responsabilidade. O Sr.Governador, tem a obrigação de pedir desculpas. Como isso não ocorreu até o presente momento, mesmo já se passando cerca de uma semana da descoberta do conteúdo das apostilas, o que me sobra pensar do Sr.Governador? Absolutamente NADA, assim como imagino que nós Cacerenses somos vistos por Vossa Excelência. Mas lhe dou como resposta Sr. Governador Silval Barbosa: Nada é a sua pessoa, o seu atual cargo frente a História de Cáceres e de seus cidadãos briosos, orgulhosos de sua Terra. Nada é a sua falta de humildade em rever seus atos, em consertá-los, em demitir os “irresponsáveis”, em retratar-se. Parece que o Governador se esqueceu da força política que nos temos e que podemos utilizá-la nas urnas e que infelizmente o ajudou a se eleger. Sr.Governador, não temos medo de confronto, estamos num país democrático. Pagamos caro e na fonte os nossos impostos. Aqui nasceram nossos ancestrais,nós e nossos filhos, como poderíamos deixar de lutar pelo progresso e dignidade do povo Cacerense, do nosso TORRÃO NATAL cantado em prosa e verso pelos seus filhos. Verás a força da nossa Terra e que servirá para que nunca mais, Ninguém, Ninguém, menospreze a riqueza deste município de Cáceres e o seu POVO ORGULHOSO DA SUA HISTÓRIA GUERREIRA E DE PODER CHAMAR ESTA CIDADE DE "NOSSA CASA". Termino a minha fala com uma linda poesia de um bugre pantaneiro, como eu, meu primo Rinaldo Ortega: Deitado sobre o exuberante verde do Pantanal, Debaixo de um céu azul de horizontes dilatados, Pelas mansas águas do Paraguai banhado, Surge majestoso e belo o meu Torrão Natal! O dia seis de outubro que trago na lembrança Como tantos outros das minhas belas jornadas... Pés desnudos, ruas desertas nas madrugadas, Meu Deus, como era belo meu tempo de criança! Se se pudesse meu corpo seguir meu pensamento, Voltaria de novo, então, na aurora da minha vida, Nesta terra de Luiz de Albuquerque tão querida Onde a lua clareia as matas ao sabor dos ventos... Vejo corisco e trovoadas na chegada do verão! Nuvens negras sobre a serra empanando o céu, A chuva caindo em cascata como um branco véu Deixando cor de prata toda uma imensidão! O tempo foi passando levando minha mocidade, Inundando o coração com lembranças tantas, Que, nos corredores do tempo feito ondas mansas, Dilacera o peito com imensa dor desta saudade!.. Oh, minha Cáceres querida, abençoada por Deus, Quantas lágrimas derramei, quando de ti distante! Mas agora voltei!.. Voltei para ficar até o instante Em que meu corpo se agasalhar nos braços teus! Advogada, cacerense