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Conheça Rafael Jonnier, a explosão de cores da pop art regional e seu desejo pelo mundo
Por Stéfanie Medeiros/Olhar Direto
20/10/2013 - 16:19

Foto: arquivo do artista
A casa de paredes brancas e móveis sóbrios perde a seriedade com a explosão criativa de cores pendurada em todos os cantos. São quadros que misturam o regional, ícones da música, pessoas comuns ou obras de arte com o pop arte. São também os filhos de Rafael Jonnier que, assim como Leonardo Da Vinci dissecava corpos humanos na madrugada, disseca ideias noite adentro. Ansioso e agitado, Rafael não consegue dormir até que a inspiração tenha sido domada no computador, papéis ou em uma tela que um dia tinha sido branca. Ao som do rock’n’roll e música eletrônica, este processo pode durar até às quatro da manhã. O ateliê do jovem artista é a sala da casa que divide com dois primos. É composta de um sofá, televisão, a escrivaninha do computador, uma mesa com livros guardados embaixo e muitos quadros, alguns pendurados, outros em cavaletes miniatura na mesa e vários alinhados um atrás do outro, encostados na parede. Depois de quase virar a noite em claro, Rafael acorda por volta das oito da manhã. Apesar do pouco sono, da ansiedade, agitação, daquela frenesi incessante de querer sempre mais, é difícil vê-lo sem um sorriso no rosto ou passar muito tempo sem ouvir sua gargalhada ecoar ao longe. Eterno otimista, de janeiro deste ano em diante têm uma agenda de compromissos lotada, seu cotidiano é corrido e atarefado. Quando desta reportagem, Rafael não estava em casa. Estava em Várzea Grande, na peixaria Mirante das Águas, junto com outros artistas. Em grupo, discutiam as diferenças e peculiaridades da arte comercial e da arte conceitual. Logo alguém chega e ele já atualiza a pessoa no que estava fazendo, sobre o que estava discutindo e convida a todos para participar da discussão. Naquela tarde, sentado em um banco de madeira embaixo de uma árvore, o rio Cuiabá como pano de fundo, Rafael estava com a expressão cansada, sonolenta. Bocejava algumas vezes, mas jamais perdia a simpatia, a vontade de falar ou seu quase que eterno sorriso. Desde pequeno tinha o hábito de desenhar. Passava a maior parte do tempo das provas desenhando, fazia caricaturas dos professores e amigos, carros, personagens de filmes infantis e, aos 12 anos de idade, começou a trabalhar em uma agência pintando faixas. Naquele tempo, Rafael morava em Cáceres e ficava admirado com o trabalho dos designers gráficos, mas nunca foi adotado como pupilo de nenhum deles. Nos finais de semana, trabalhava na feira com a mãe, vendendo legumes que plantavam em casa. Este emprego lhe rendeu o tão detestado apelido de “Chico”, referência ao personagem criado por Maurício de Sousa, Chico Bento. Aos 16, começou a sair, conhecer pessoas, fazer contatos e mexer com decoração. Em certa ocasião, por conta de problemas com o organizador da festa, teve que bolar a ambientação do evento sozinho. Deixando a criatividade fluir, fez a decoração com toques psicodélicos. Seu apelido, então, passou de “Chico” para “Chicodélico”. Foi sua primeira apresentação artística. Ainda fascinado com o trabalho de designer gráfico, investiu em um curso de Corel Draw. Depois disso, foi trabalhar em outra agência, agora no posto de designer. Mais velho e um pouco mais experiente, usou dos contatos que fez quando começou a sair para se tornar promoter. Era ele que cuidava da identidade visual de muitos eventos. Mas o que muitos não sabiam é que, mesmo com a vida agitada, Rafael mantinha seu hábito de desenhar. Fazia suas criações em folhas de papel sem jamais pensar que um dia poderia vende-las. A vida em Cáceres, mesmo com todos os confortos de ter casa, carros, o apoio da família, um trabalho que ele gostava e noites agitadas, começaram a enjoar. Rafael queria mais. Em segredo, ele queria o mundo inteiro. Ainda quer. Mas decidiu dar um passo de cada vez. Achou um curso com duração de um mês em Cuiabá. Vendeu tudo e sem nem mesmo ter onde ficar, foi em direção a capital mato-grossense. Chegando aqui, ligou para um primo que nem conhecia e já com tom de intimidade perguntou se poderia ficar com ele por um mês. Rafael é assim: desinibido, impulsivo e espontâneo. Graças a estas características, Rafael já conhecia via internet muitas pessoas em Cuiabá. Por meio das amigas, chegou até o curso de designer de interiores da Universidade de Cuiabá (Unic). Sem ter certeza que era isso que queria, assistiu uma aula só para ver como era. Apaixonou-se. E em 2011, já em Cuiabá, avisou sua mãe pelo telefone que iria ficar para fazer faculdade. Pediu ajuda. A mãe, preocupada com essa mudança repentina, alertou o filho de que a vida não era assim, as coisas precisavam de planejamento, que ele não podia chegar e simplesmente decidir que ia morar em Cuiabá. Mas claro que depois da bronca ajudou Rafael a ficar. Já estabelecido, dividia um escritório de publicidade, marketing e designer gráfico com a amiga Eline Jalde. Nesta época Rafael começou a desenhar com mais frequência, fazendo vários esboços e guardando tudo. No começo de 2013, o evento “Cadeiras na calçada” mudou a rotina e, de certa forma, a vida de Rafael. Sem ter nada a perder, o jovem artista montou uma barraca de desenhos ao lado da barraquinha de tapioca. Em um varal, pendurou suas criações que pela primeira vez viam a luz do dia. E para a surpresa de Rafael, as pessoas paravam para ver ele desenhando e perguntavam o preço de sua arte. Sem experiência, chutou um valor: R$ 50. E qual não foi seu espanto quando o cliente realmente comprou o desenho. Agora com 22 anos e mais experiente, Rafael relembra de uma aula que mudou sua arte desde então. O jovem artista, para aqueles que estão se perguntando, ainda está na faculdade, mas depois de uma aula de pop art, Rafael incorporou as cores e trejeitos do estilo em seus quadros. E não parou mais. Tem encomendas todas as semanas, fez uma exposição individual no Shopping Goiabeiras, está por trás de um projeto para montar uma galeria de arte na peixaria Mirante das Águas, divulgou seus quadros em programas de televisão e sites de notícia (incluindo o Olhar Conceito), foi para São Paulo pintar no lançamento do Dj Paco e Igor Ci, filho do cantor Zeze di Camargo e não pára um instante. O mercado o recebeu de braços abertos. Esta explosão de cores e acontecimentos na vida de Rafael deixa a mãe sem sono. Ao mesmo tempo em que se orgulha do filho, sente medo que ele caia no que ela chama de “vida de artista”. Baladeiro, Rafael ganhou sua independência financeira este ano. No começo, não soube administrar muito bem. O que ganhava, gastava imediatamente. Meses depois, com a ajuda de seu primo Juarez Filho, organizou-se. Agora tem estoque de telas e materiais e Jurez cuida do financeiro, das entregas, divulgação e pedidos. Mas apesar de todo o sucesso que suas pinturas estão fazendo, Rafael, sonhador e idealista, quer mais. O mundo todo, lembra? Mas também franquias com camisetas, capas de celular e outros produtos estampados com seus desenhos e criações. Ele quer tronar a cultura regional que mistura com o pop art em cultura mundial, quer que sua obra cresça Brasil afora e depois vaze pelas fronteiras e ultrapasse os oceanos. Tem medo de tudo dar errado, claro, mas tenta não focar nos pontos negativos e sim no lado positivo do que está acontecendo em sua vida. Com o tempo, está aprendendo a controlar a ansiedade e organizar seu negócio, sem jamais abandonar o hábito de pesquisar muito sobre artistas e suas obras e, obviamente, pintar. E tem mais uma coisa que Rafael gostaria de acrescentar: Além de buscar a realização profissional e artística, o jovem pintor também idealiza a mulher de seus sonhos, ou, como ele diz, “o amor de sua vida”. Como não posso deixar o telefone, whatsapp e email para as interessadas no artista, deixo aqui o contato para os interessados na arte. https://www.facebook.com/rafaeljonnier10?fref=ts
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