Pesquisa:Moradores alegam não pertencer ao Pantanal
Por Diário de Cuiabá/Joanice de Deus
25/10/2013 - 09:41
Menos da metade (44%) dos moradores de 25 municípios mato-grossenses que formam a cabeceira do Pantanal reconhece sua cidade como pertencente à região pantaneira. Além disso, a maioria nunca visitou o bioma, considerado a maior área úmida do planeta. É o que revela pesquisa inédita do Ibope/WWF-Brasil, em parceria com o HSBC, que ouviu 2.002 pessoas em junho em 26 estados brasileiros. Em Mato Grosso, foram entrevistadas 504 pessoas (no mês de setembro) da região do Alto Paraguai.
De acordo com a pesquisa, 60% consideram que os municípios estão em uma região de cabeceiras de rio. Entretanto, 43% não reconhecerem a área como pantaneira, o que poder ser um problema em se tratando de assumir responsabilidade sobre a sua preservação.
Contudo, os entrevistados têm o Pantanal como uma grande reserva de biodiversidade com variedade de espécies de plantas e animais, especialmente, peixes e apontam soluções para sua conservação como preservação das nascentes, lei específica de proteção, turismo ecológico, criação de áreas protegidas e práticas agropecuárias sustentáveis como redução de uso de agrotóxico e combate à erosão.
"Não há dúvidas que o agronegócio move a economia. Porém, uma pesquisa mostrou que os serviços ambientais prestados pelo Pantanal, como proteção do solo e regulação do clima equivalem a US$ 112 bilhões por ano. Desmatar e transformar tudo em áreas agropecuárias representaria apenas US$ 414 milhões anuais", disse o coordenador do programa Água para a Vida do WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas.
Entre os principais problemas apontados estão o desmatamento e a degradação da vegetação em torno dos rios e cabeceiras. Em nível nacional, o estudo mostra que 93% ouviram falar do Pantanal, considerado pela Unesco como Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.
Porém, 66% não souberam identificar em qual região do país está localizado e o confunde com a Amazônia. "Trinta e sete por cento descrevem o Pantanal como floresta fechada", destacou Freitas. Segundo ele, a pesquisa vai trazer subsídios para ações e campanhas de preservação do bioma.
Entre os municípios que formam a caixa d'água do Pantanal estão Alto Paraguai, Araputanga, Arenápolis, Barra do Bugres, Tangará da Serra, Nortelândia e Jauru. Somente, as porções altas dos rios Paraguai, Sepotuba e Cabaçal fornecem quase 30% das águas que inundam o Pantanal.
A pesquisa faz parte do Programa HSBC pela Água, que visa à conservação de nascentes do Pantanal e a estruturação de pacto inédito envolvendo governos municipais, estaduais e federais, setor privado e instituições da sociedade civil. "Não há como segregar a questão socioambiental da econômica. Elas caminham juntas", frisou o diretor executivo de sustentabilidade do HSBC-Brasil, Paulo Renato Steiner.