Ontem foi o Dia Mundial Sem Tabaco e os dados são alarmantes para os fumantes. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Instituto do Coração (Incor) com 820 pacientes. Do total, 257 (31,3%) pararam de fumar por um tempo. Depois, voltaram a ter o vício. Somente 276 (33,7%) conseguiram deixar de fumar. Os outros abandonaram o tratamento ou nunca conseguiram deixar o tabaco. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, o tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. Ele é responsável por 130 mil mortes por ano no Brasil. De acordo com a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), o Brasil gastou R$ 21 bilhões no tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao cigarro, em 2011. O fumo também é um dos principais responsáveis pelo câncer de boca. Segundo o dentista e patologista do Hospital do Câncer de Mato Grosso, Arlindo Aburad, o diagnóstico desse tipo de câncer ainda é tardio em muitos casos. O paciente pode morrer, se não tiver o diagnóstico rápido ou ficar com sequelas graves. “O câncer de boca mutila o rosto da pessoa, em estágio avançado. O paciente pode ser obrigado a retirar a língua, as cordas vocais e até parte da mandíbula”, alerta. “As sequelas sempre geram abalos psicológicos. A vida social e a emocional do paciente ficam comprometidas se o diagnóstico é tardio”, avalia. Doutor em Patologia Bucal pela Universidade de São Paulo (USP), o dentista diz que o câncer de boca pode levar anos para aparecer. “A pessoa que fumou desde a adolescência e parou aos 30 anos pode pensar que não tem mais risco de ter o câncer de boca. Mas a doença pode levar anos para se desenvolver”, afirma. De acordo com o patologista, o primeiro sinal visível do câncer de boca é uma pequena ferida que não cicatriza. Neste caso, é preciso procurar ajuda de um profissional especializado. “Há paciente que, mesmo com a ferida, espera até seis meses para procurar ajuda e aí pode ser tarde”, diz Aburad. Ele lembra que o câncer de boca também pode se espalhar (metástase) para outras regiões do corpo. O patologista explica que o câncer de boca ainda não é tão divulgado quanto outros tipos de tumores. Mas há como descobrir a doença no início e a chance de cura ser maior. “O exame preventivo de câncer de boca é tão importante quanto outros tipos de exames médicos de rotina feitos pelas pessoas”, finaliza Aburad.