Gente sempre é prioridade
Por por Onofre Ribeiro
15/12/2013 - 11:58
Nós jornalistas somos muito autoritários e acreditamos nas nossas verdades que acabam por nos pautar no dia-a-dia e, por vezes, nos distanciam das pessoas, que são o nosso único e verdadeiro propósito pessoal, social e profissional.
É mais do que visível a lenta deterioração de todas as instituições, começando em casa, na família, nas religiões, na educação, na saúde, na segurança pública, na assistência social, no conceito da gestão pública, das instituições privadas representativas, dos sindicatos, das associações classistas, etc.
Porém, mesmo com toda essa deterioração, as pessoas se mantém como o ponto de referência de todo esse sistema. Elas trabalham, lutam, acreditam e produzem as ações para superar esse ciclo de transformações. Logo, todos os sistema social, político e econômico estão baseados em pessoas-cidadãs que sustentam tudo com o seu trabalho.
Nós jornalistas estamos cometendo um perigoso equívoco. Olhamos e dedicamos todos os nossos esforços para o sistema deteriorado e ignoramos as pessoas que o sustentam e transformam. Cada jovem jornalista que sai da faculdade, sonha em ser um grande repórter político. Nenhum sonha em ser um grande jornalista que levantará temas, pautas que valorizem e cuidem das pessoas.
Os corredores do palácio do governo, da Assembleia Legislativa, das câmaras de vereadores e dos prefeitos estão lotados de repórteres. Mas os corredores dos pronto-socorros, nenhum, apesar de lá estarem centenas de cidadãos morrendo à míngua. A fila das farmácias de remédios de alto custos estão lotadas de gente triste, e sem jornalistas. Poderia citar centenas de lugares públicos e privados onde as pessoas sofrem a amargura da solidão, do abandono e da indiferença, completamente distanciados dos jornalistas e, por consequência da sociedade.
Não se espere do mundo político sensibilidade para as delegacias de polícias que mais parecem chiqueiro e dos presídios parecidos com campos de concentração. A imprensa tem o aval social para falar das pessoas, para as pessoas e de pessoas pra pessoas. Claro que isso não tem o glamour dos corredores palacianos.
Só que se não olharmos para as pessoas, não estaremos construindo um mundo político decente e comprometido conosco mesmos. Lugar de jornalista é cuidando de gente! A única ameaça capaz de assustar o mundo da gestão pública é justamente a opinião pública. E o único canal pra ela falar é a mídia, através de nós jornalistas. Fica a reflexão!
Onofre Ribeiro é jornalista