'São monstros e mentem', diz mãe dos garotos assassinados por adolescentes
Por G1 MT
14/12/2013 - 10:23
A família das crianças assassinadas em Cáceres, região do Pantanal e distante 220 km de Cuiabá, está indignada com o crime e a forma brutal com que o fato ocorreu. Os irmãos, de 8 e 9 anos de idade, morreram afogados no Rio Paraguai e um deles foi esquartejado pelo próprio primo, de 15 anos, que morava na mesma rua das vítimas. “Estamos passados, chocados, com isso. Não imaginava que ele [suspeito] poderia praticar uma barbárie dessas. É muito triste”, lamentou a dona de casa Edriele Pereira dos Santos, de 26 anos, mãe das crianças mortas.
Em entrevista ao G1, Edriele contou que o menor freqüentava a residência dela e no dia do crime, 4 de dezembro, convidou as crianças para ir almoçar na casa dele. De lá, ele teria chamado os primos para ir tomar banho no rio juntamente com o irmão das vítimas, de 7 anos, que sobreviveu. Além dos quatro, também foi ao rio a namorada do menor, de 19 anos, um adolescente de 13 anos e a irmã de 11. Todos confessaram o envolvimento no assassinato à polícia, sendo que o primo das crianças argumentou que cometeu o crime para se vingar do tio dele, pai das vítimas. Ele contou que quando era criança o tio o agrediu, provocando um corte em sua cabeça.
Fato esse negado pela mãe dos meninos. “Ele nunca foi agressivo e diariamente estava na minha casa. Ele está mentindo e inventou essa história para justificar o que fez com meus filhos. Meu marido nunca o agrediu”, enfatizou a dona de casa. Ela conta que os filhos foram almoçar na casa do adolescente juntamente com a avó. Depois de uma hora, a mulher retornou para a casa dela e os netos ficaram com o menor. “Depois de muitas horas, só o mais novo chegou, todo molhado e assustado. Mas não contou onde estavam os irmãos”, relatou a Edriele.
Dessa forma, segundo ela, começou a procurar pelos filhos juntamente com o marido, de 26 anos, na redondeza do Bairro Empa, local onde moram e que fica na região periférica da cidade. A dona de casa contou que o adolescente de 15 anos também ajudou a procurar pelos primos e demonstrou preocupação com o sumiço.
“Ele é um monstro. Ficou todo preocupado e ainda ajudou a procurá-los sem demonstrar o que realmente tinha ocorrido. Ele era a pessoa que tinha visto meus filhos por último e perguntei várias vezes se sabia onde as crianças estavam. Mas respondia que não”, destacou. Ela tem mais quatro filhos menores. No dia seguinte, o corpo de uma das crianças apareceu às margens do rio, cujo local fica a 1 quilômetro da residência. Depois, no dia 7, o corpo da segunda vítima foi localizado boiando há três quilômetros do local do crime sem a cabeça, pernas e braços. Além disso, os policiais constataram várias pedras na barriga da criança, colocadas para que o corpo afundasse no rio.
A delegada Mariell Antonini Dias, responsável pelo inquérito, disse que os adolescentes envolvidos no crime estavam sob efeito de droga no momento. Eles relataram em depoimento que usaram entorpecentes antes do duplo homicídio. O caso tem gerado muita repercussão no município pelos requintes de crueldade praticados pelo grupo.
Entenda o caso
Os menores e as vítimas eram vizinhos e moravam na mesma rua, no bairro da Empa. Atraídos pelo primo de 15 anos, as duas crianças e o irmão delas, de 7 anos, foram tomar banho no Rio Paraguai juntamente com as meninas (de 11 e 19 anos). Naquele momento, as vítimas foram afogadas e, depois de mortas, os dois adolescentes praticaram sexo com os corpos. Enquanto isso, as garotas seguravam o menino de sete anos, que depois consegui escapar e fugiu. "A outra vítima só não foi [esquartejada] porque eles ficaram com medo de aparecer alguém", disse a delegada.
Eles utilizaram um machado, um facão e um martelo, que estavam em uma casa abandonada próxima ao local. A intenção era esquartejar os dois irmãos, cortar as barrigas e colocar pedras para que afundassem e não fossem encontrados, mas, como perceberam que algumas pessoas estavam se aproximando, só deu tempo para fazer isso com um deles.
De acordo com a Polícia Civil, cada um dos suspeitos alegou motivos para o assassinato. A jovem declarou que não gostava das crianças e aceitou ajudar o namorado a cometer o duplo homicídio. Ela está grávida de dois meses e presa no presídio feminino da cidade. O outro adolescente está internado no socioeducativo de Cáceres. Em depoimento, contou que o pai das vítimas teria roubado a bicicleta dele há alguns meses e, por isso, ajudou a matar as crianças. A menina de 11 anos, irmã do menor, apenas declarou que ajudou o grupo de amigos.
Outros crimes
O adolescente de 13 anos de idade confessou também à polícia já ter estuprado ao menos outras três pessoas. Uma delas seria a própria irmã, também envolvida no assassinato das vítimas, um cadeirante e outro morador da cidade.
A delegada Mariell Antonini informou que a confissão foi feita pelo menor foi quando ele relatava a participação na morte das crianças. Os adolescentes e a garota de 19 anos vão responder por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáveres. Além disso, a jovem vai responder por ameaça que, de acordo com a delegada, estaria fazendo contra o menino que sobreviveu ao crime.
Saiba mais
Quando o primeiro corpo foi encontrado, na quinta-feira (5), um dia depois do crime, o caso estava sendo tratado como afogamento. O corpo do garoto de 9 anos estava com uma marca roxa no pescoço, mas o laudo constatou que a morte havia sido causada por afogamento. Já o segundo corpo foi localizado no sábado (7). No mesmo dia, o pai dos meninos levou o terceiro filho de sete anos até a delegacia, onde a criança detalhou cenas dos crimes e descreveu as roupas do autor, o adolescente de 15 anos.