Há alguns anos conheci em Cuiabá um jovem doutorando em gestão pública. Ele mudou-se para Florianópolis e perdemos o contato. Encontrei-o novamente em Brasília, onde concluía uma pesquisa para uma ONG francesa sobre a qualidade dos recursos humanos técnicos no serviço público brasileiro. Sua conclusão era a de que os quadros técnicos da administração federal eram de excelente preparo, com muitas pós-graduações e doutorados.
Poucos anos depois, chegamos a um nível de qualidade que indica claramente o sucateamento da qualidade. A causa, segundo esse mesmo pesquisador, é o chamado “aparelhamento do Estado”, iniciado nos governos Lula e mantido no atual. Todas as funções técnicas de nível médio foram ocupadas por sindicalistas ou por filiados ao Partido dos Trabalhadores, independente de terem ou não qualificação. Cito um exemplo que pude conhecer bem de perto, através de um parente próximo. Ele e todos os gerentes de nível médio dos Correios eram concursados e altamente preparados tecnicamente. A empresa investiu pesado na formação de quadros técnicos.
O presidente Lula interferiu pessoalmente para a indicação de carteiros e de sindicalistas para ocupar todas as gerências desse nível e em todos os cargos técnicos. Resultado: os correios caíram rapidamente de qualidade e perderam a autossuficiência financeira, passando a depender do Tesouro Nacional, fora a baixa qualidade dos serviços que lhe dava o privilégio de ser o mais acreditado no país.
Isso aconteceu em todo o serviço público tanto pelos indicados do PT quanto de todos os partidos da chamada base aliada. Outro exemplo, entre tantos e tantos: o Ministério dos Transportes e seus órgãos agregados. Toda a cultura técnica acumulada ao longo da história foi jogada no lixo para dar lugar a indicados políticos dos partidos titulares do órgão. A corrupção instalou-se imediatamente na proporção direta da péssima qualidade dos serviços públicos prestados em todos os níveis do governo.
E os quadros técnicos formados? Foram jogados em posições inferiores ou na lata de lixo, porque seu conhecimento e posição apolítica não interessam ao jogo político que dirige o Brasil atualmente.
É de se imaginar que esse pessoal excluído das decisões técnicas nunca mais volte a ter um papel efetivo. O péssimo serviço público atual será perpetuado por décadas até que se construa de novo uma máquina com pessoas que compreendam o seu papel de servidores públicos da sociedade e que eles aprendam lições como eficiência, comprometimento, qualidade, ética e isenção. Terei morrido quando isso acontecer. Até lá, continuaremos pagando impostos altos e sendo escravos da indiferença do Estado com os seus cidadãos.
Ah! Nos estados aconteceu a mesma coisa. Em Mato Grosso, então...!