Reajuste autorizado pela Aneel, deixou valor do insumo no topo
O custo médio da energia para a indústria, em Mato Grosso, passou a ser o mais caro do país, neste mês, após o recente reajuste tarifário anual autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no último dia 8. A elevação média para o Estado foi de 11,89%, mas para os grandes consumidores, onde está a maioria das indústrias, a alta foi de 13,42%.
Com a alteração, o custo médio do megaWatt/hora (mW/h), chegou a R$ 424,27 considerando a incidência dos tributos estadual e federal. Se fosse um país, Mato Grosso teria o quarto maior custo do insumo no mundo, atrás apenas da Índia (R$ 630,92), da Itália (R$ 500,92) e de Singapura (R$ 460,25). Os dados foram divulgados ontem, pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), através do site “Quanto custa a energia elétrica para a indústria do Brasil?”. A Argentina tem o custo mais barato entre os 28 países pesquisados, R$ 57,63.
No Brasil o custo médio da energia elétrica para a indústria brasileira passou de R$ 292,75 por MW/h para R$ 301,66. Com o aumento de 3%, o país passou da 11ª para a 10ª posição em ranking internacional que contempla 28 países. O menos custo está no Amapá (R$ 159,05 com tributos e R$ 131,22 sem tributos).
O peso da carga tributária é tão elevado para o consumo deste insumo, que a Firjan apresenta os resultados de duas formas, com e sem impostos. Com tributos, Mato Grosso lidera. Sem a carga, o Estado se torna o segundo do ranking com o custo médio do mW/h em R$ 286,38, perdendo o topo para Rondônia, que neste cenário, tem custo de R$ 292,56.
Considerando ainda o peso da carga tributária, o custo da energia para indústria estadual supera em R$ 122,61 a média nacional, em R$ 301,66 e custa R$ 137,89 mais ao comparar o cenário com tributos com o sem tributos. O peso dos encargos estadual e federal – PIS, Cofins e ICMS - deixa o mW/h estadual 32,50% mais caro.
NO ESTADO - “Esse é um título {do maior custo médio de energia para indústria do Brasil} que nós do Mato Grosso não queríamos, não!”, exclama o presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan. Como destaca, cada alta sobre o insumo energia, “que para alguns segmentos representa um terço das despesas”, vai deixando o Estado menos competitivo e menos atrativo na hora de ‘vender’ o território mato-grossense para novos investidores. “Na prática, ao colocar o custo da energia aqui no Estado ele tem na verdade uma carga de 43%, ao juntar impostos como ICMS e os encargos federais", adverte.
Milan lembra que o custo da energia é tema constante da Fiemt, seja em nível estadual como nacional. “Eu pessoalmente trato da questão”, frisa. Para Milan, esse título só aumenta as dificuldades do Estado. “Temos o combustível mais caro do Brasil, a pior logística de transporte, seja dos insumos como para o produto final, nosso mercado consumidor é pequeno e por isso somos obrigados a vender para outros estados e países a produção e falta mão-de-obra. Tudo isso reduz nossa competitividade e a cada alta, especialmente do insumo energia, somos obrigados a fazer malabarismo para manter-nos competitivos. Para se ter uma idéia, a nossa energia ficou 13% mais cara. Nossas margens vão de 3% a 8%, aonde vamos diluir isso?”.
Questionado sobre o repasse de altas, como a da energia, ao consumidor, Milan diz que num primeiro momento, repassar esse adicional ao produto final seria o mais lógico, mas no atual contexto, não é o mais viável. “O consumidor vai procurar produtos similares e comprar o mais barato. É por isso que não podemos perder a nossa competitividade. Isso é competitividade”. Milan lembra que muitas indústrias no Estado dependem muito da energia como matriz, é o caso da panificação, da química, da frigorífica, da alimentícia e da metalúrgica.