Como você imagina que vai ser o seu velório?

Começo essa reflexão a partir da vida do padre holandês Frei Grignon Eduardus Achilles Von Den Humel, carinhosamente chamado de Frei Grignon, que, aos 85 anos, foi recolhido por Deus no dia 13 de abril de 2014.

Nascido na cidade de Groede, Província de Zeiland, na Holanda, em 01/02/1929. Aos 13 anos de idade ingressou no seminário menor para seguir sua vocação religiosa, todavia, vejam só, avaliaram que ele não tinha vocação. Com a Segunda Guerra Mundial, sua família ficou na mais absoluta miséria, privando-lhe inclusive dos estudos. Passado esse período de grande provação, ele voltou a estudar e formou-se como educador religioso. No ano de 1962 a Terceira Ordem Regular (TOR) o enviou como professor para o Brasil. Após uma semana de sua chegada, seguiu para Cáceres, onde viveu todo o seu ministério, inicialmente, como educador, pois a missão inicial do grupo seria fundar uma escola católica, mas a contribuição dos holandeses ao Município de Cáceres foi muito além da educação, abrangendo a saúde, a assistência social e, sobretudo, espiritual, visto que além do Instituto Santa Maria, fundaram juntamente com o Rotary Clube de Cáceres a APAE, fundaram também o Hospital O Bom Samaritano, a Casa Maria e José, A Creche Cenecista 1º de Maio, a Igreja Imaculada Conceição, entre outras. Ante a necessidade de um pároco na sua congregação, viu a oportunidade de realizar plenamente a sua vocação, dirigiu-se a Campo Grande-MS para concluir seus estudos e, finalmente, em 1982 foi ordenado a padre por Dom Máximo Biennès, Bispo da Diocese São Luiz de Cáceres.

Mencionado o conjunto de obras físicas, retenho-me nas qualidades da pessoa do Frei Grignon, de uma humildade extrema a ponto de não aceitar elogios, por entender ser sua missão tudo o que fazia e a glória não era sua e sim de Deus!

Mas como não admirarmos um homem revestido de santidade, íntegro, bondoso, caridoso, generoso, de cuja boca não saía palavras de maltrato, não caluniava, não ofendia ninguém, que se preocupava em cuidar do espírito, da alma e do corpo, pregando o evangelho, como conselheiro e amigo e com doação de alimentos “sacolões” aos pobres e cuidados aos doentes. Fez de Cáceres a sua missão de vida, como educador e sacerdote, dedicou-se ao ser humano, amou o próximo, ofereceu sacrifício de jejum e oração em favor da cura de muitos, trabalhou doente especialmente nos últimos tempos para visitar os doentes, negou-se a si mesmo para levar conforto a quem quer que fosse, especialmente aos pobres e doentes, independente de credo, condição social, raça, na concepção genuína da palavra “irmão”, cumprindo o “ide” de Cristo: um verdadeiro missionário!

Tanto que, durante o velório do Frei Grignon  os depoimentos em uníssono rendiam-lhe merecidos tributos por tudo o que ele foi enquanto pessoa e  representou como membro da igreja.

E você, o dia em que você morrer, reflita: o que as pessoas irão dizer em seu velório? O que você tem feito hoje para buscar essa santidade? Você tem ajudado o próximo, os seus familiares, seus amigos, seus inimigos? Não falo de ajuda material somente, pergunto se você tem ajudado em oração, ou com palavras de carinho, de conforto, estímulo, de motivação? Ou o que você profere são difamações, calúnias, inverdades? As suas atitudes tem sido para ajudar a melhorar o seu lar, a sua escola, o seu local de trabalho, a sua comunidade? Feche os olhos e passe um “filme” da sua vida. O que você viu? Atos e sentimentos de amor, bondade, serenidade, altruísmo, empatia ou ódio, rancor, inveja, leviandade, traição, egoísmo, apatia, calúnia.

Ainda é tempo para você mudar de vida e de atitudes e buscar chegar próximo da santidade do Frei Grignon. 

  Pense nisso!

FRANCIS MARIS CRUZ

Prefeito de Cáceres

Referência Bibliográfica:

1.     FANTE, Pe. J. Vidas Doadas. Ed. Centro Oeste, Cáceres, MT, p. 137-140, 2013.