Doença crônica, causada por deficiência de produção de insulina pelo pâncreas, o Diabetes Mellitus, ou simplesmente diabetes, embora atinja cerca de 13 milhões de brasileiros, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes, estima-se que menos da metade saiba que está doente.
O Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em número de casos, ficando atrás da China, Índia e Estados Unidos. Em escala global, a doença atinge entre 250 milhões e 300 milhões de pessoas, com previsão de dobra para daqui a 16 anos, em 2030, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Não sem motivo, é chamada de doença silenciosa. Isto é, para ser identificada, o paciente precisa passar por check-ups anuais, para evitar um diagnóstico tardio.
Além das várias consequências provocadas pelo diabetes não controlado, a doença provoca também a xerostomia, conhecida popularmente como boca seca ou secura na boca, causada pela redução do fluxo de saliva na boca.
Mesmo com restrição quanto ao uso de açúcar, estão sujeitos à cárie e doenças relacionadas à placa dentária da mesma forma que os indivíduos normais.
Há dois tipos de diabetes: 1 e 2. O paciente com diabetes tipo 1 é tratado necessariamente à base de insulina, enquanto o tipo 2, com 90% dos casos, só requer a insulina em casos de difícil controle.
Geralmente, o diabetes tipo 1 se desenvolve em pacientes com menos de 30 anos de idade e, com baixa intensidade, em crianças e adolescentes. Já o tipo 2 ocorre normalmente aos 40 anos e sua terapia mais comum é a alteração da dieta. Pode ser evitado com medidas de combate à obesidade e ao sedentarismo.
A doença periodontal é a complicação bucal mais significativa do tipo 2 e, quando não tratada, piora o controle metabólico do paciente, deixando-o predisposto a infecções.
Por tudo isso, todo cuidado é necessário, quando um paciente portador da doença precisa se submeter a um tratamento dentário (periodontal ou implantes). O diagnóstico tardio e o seu desconhecimento da doença obrigam o profissional a acender o alerta vermelho.
O cirurgião dentista deve sempre fazer um trabalho conjunto com outros profissionais da saúde, entre eles, um médico endocrinologista. Por outro lado, é preciso conscientizar o paciente sobre a necessidade de uma dieta durante o tratamento – tanto no periodontal quanto antes e depois da cirurgia de instalação dos implantes.
É importante que o profissional dentista mantenha ao seu lado um aparelho para medir o teor de glicemia do paciente. Um diabetes descontrolado prejudica a osseointegração e aumenta a possibilidade de perda do implante, assim como todo o tratamento periodontal.
Em resumo, o paciente portador de diabetes precisa de um severo controle por parte do profissional dentista, sempre mantendo contato com o médico endocrinologista. A freqüência das consultas deve ser maior, até que se tenha um conhecimento do padrão comportamento do paciente.
(*) Ernani Caporossi, especialista em dentística restauradora e prótese dental e MBA em Gestão em Saúde, é membro fundador da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE), membro da Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral (SBOE) e da Academia Brasileira de Osseointegração (ABROSS). Há 31 anos atende em Cuiabá.