Sebrae MT ministra curso ‘Como iniciar uma piscicultura comercial’, desde 2008; cerca de 520 pessoas já foram capacitadas; vagas sempre se esgotam
A piscicultura é uma das vocações produtivas mato-grossenses. Prova disso é a procura e o esgotamento rápido de vagas do curso ‘Como iniciar uma piscicultura comercial’, ministrado pelo Sebrae em Mato Grosso, desde 2006. A capacitação é voltada a candidatos a empreendedores do ramo ou piscicultores já atuantes no mercado e que desejam aprimorar conhecimentos e técnicas de manejo.
São sempre 20 vagas disponibilizadas ao público, quatro vezes ao ano. Ao todo cerca de 520 pessoas já participaram do curso em Cuiabá e cidades do interior. São 20 hs de aulas, ministradas de terça a sexta-feira, das quais 12 h são relativas a conteúdos teóricos, e 8hs de conhecimentos práticos. O custo é de R$ 200/pessoa.
No último sábado (9), a segunda turma de 2014, concluiu o curso na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no município de Santo Antônio de Leverger. Vinte e cinco pessoas integravam a turma que foi à fazenda em uma van. O médico veterinário e consultor em piscicultura credenciado do Sebrae MT, Francisco Medeiros, e a bióloga e professora da UFMT, Janessa Sampaio de Abreu, ministraram a aula prática.
Os oito viveiros da fazenda experimental da universidade foram visitados. Explicações foram dadas e os participantes fizeram muitas perguntas. Eles acompanharam a alimentação dos peixes, receberam orientações sobre quantidade de ração, número de refeições, reprodução, melhoramento genético, etc
Se em um tanque os peixes crescem desuniformes, é sinal de que o produtor errou na alimentação e distribuiu desigualmente a ração, alertou Janessa. Os peixes nativos determinam a quantidade de alimento, e não o tratador, acrescentou. Quando eles param de comer, basta suspender a ração. O excesso de ração, inclusive, estraga a água, alertou.
" Não se deve ficar preocupado só com a precocidade do peixe, mas com o custo de produção, pois o objetivo é ganhar dinheiro”, afirmou Medeiros.
"É importante manter contato com a universidade para resolver problemas que surgem”, sugeriu a professora. Ela é também pesquisadora e explicou que a UFMT está realizando estudos e experimentos avançados de melhoramento genético de tambatinga, testando quais são as melhores rações, entre outros. A universidade é uma parceira dos piscicultores e do desenvolvimento do segmento no estado, ressaltou Janessa.
Geraldo Brás, que começou a montar piscicultura na região de Bonsucesso em Várzea Grande, era um dos participantes. Atualmente ele tem 13 mil tambatingas e 7 mil tambacus em tanques e está experimentando criar cem pintados. "O resultado está sendo muito bom. Em cinco meses, já atingi 350 g/peixe”, informa. "Tinha feito curso, anos atrás, para construir tanques, pois trabalhava com terraplanagem. Agora, estou aqui, porque vou produzir peixe mesmo”, contou. Entusiasmado com a aquicultura disse que a parte mais gostosa da atividade é dar ração aos peixes. "É uma terapia”, diz.
Mauro da Silva Souza de Poconé ia montar uma piscicultura, mas antes resolveu fazer o curso do Sebrae MT. "Ainda bem, pois ia estourar a represa. Agora, vou evitar vários erros que ia cometer”, afirmou.
Deusdetina Araújo, que possui chácara na Guia, próximo de Cuiabá, está começando a investir na produção de peixes redondos. Ela está saindo da pecuária para ingressar na piscicultura. "Vou começar com tambatinga. Gostei do curso. É tudo novo para mim e mais difícil do que imaginava”, disse ela. Ela está animada com o novo ramo de negócio.
Potencial
O Estado de Mato Grosso está na maior bacia de água doce do mundo, a Bacia Amazônica. São 3,8 milhões de km², que abrangem seis estados. MT ocupa o terceiro lugar (48 mil ton/ano) no ranking nacional de produção de peixes, ficando atrás apenas de Santa Catarina (75 mil ton/ano) e Paraná (55 mil ton/ano), segundo dados de 2012 do Ministério da Pesca (MPA). A maioria produzida em Mato Grosso é de peixes redondos como tambacu, tambaqui e tabatinga.
O estado tem se destacado como um dos que mais buscam e aplicam pacotes tecnológicos inovadores na piscicultura, visando melhoria da produtividade e competitividade no segmento. O potencial de desenvolvimento da atividade é enorme em MT. De acordo com o MPA, o país produz 470 mil ton/ano de pescado.
Evento
No período de 16 a 18 de outubro próximo, o Sebrae MT e parceiros realizarão a Feira Nacional de Peixes Nativos de Água Doce/ Seminário Técnico Nacional de Peixes Nativos de Água Doce no Centro de Eventos do Pantanal em Cuiabá. Dez mil pessoas são aguardadas na feira, que contará com exposição de peixes ornamentais, máquinas e equipamentos, praça de alimentação, espaço para gastronomia, entre outros. Todos os elos da cadeia da piscicultura estarão presentes na Feira Nacional de Peixes Nativos de Água Doce - insumos, produção, distribuição e comercialização.
Paralelamente será realizado o Seminário Técnico de Peixes Nativos de Água Doce, que trará especialistas renomados à Cuiabá. Eles vão apresentar conteúdos inovadores e práticas exitosas no seminário, clínicas tecnológicas, palestras e oficinas. Os estandes estão à venda.
Mais informações: (65) 3648.1282 ou via e-mail: feiradepeixes@mt.sebrae.com.br