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Sem dinheiro, Lúdio usa criatividade
Por Kamila Arruda/Diário de Cuiabá
24/08/2014 - 07:24

Foto: arquivo

Candidato petista diz que maior erro de Silval foi a saúde pública, desautoriza Eraí Maggi e garante não ter mais compromisso com Eder Moraes

 

O ex-vereador Lúdio Cabral (PT), postulante ao comando do Palácio Paiaguás no pleito de outubro deste ano, admite dificuldades financeiras em sua campanha eleitoral diante da falta de contribuição por parte da direção nacional do PT. 

O candidato petista afirma que sua equipe tem usado da criatividade para fazer com que suas propostas atinjam os moradores de todo o Estado. 

A expectativa, entretanto, é de que a situação melhore a partir do mês que vem. Lúdio ainda aguarda a colaboração do diretório nacional para dar uma alanvacada na sua corrida eleitoral. 

O ex-vereador é o quarto candidato ao governo do Estado entrevistado pelo Diário. Além da questão financeira, o petista também revelou qual será a participação do governador Silval Barbosa (PMDB) em sua campanha. 

Segundo ele, o peemedebista, assim como outras lideranças de sua coligação, deve participar apenas se necessário. Não há previsão, inclusive, de participação no programa eleitoral de TV. O argumento de Lúdio é de que sua agenda não tem coincidido com a do chefe do Executivo estadual, uma vez que tem focado o interior. 

Com relação à possível participação do ex-secretário Eder Moraes, Lúdio desconversa e garante que não há nenhum compromisso firmado para que o peemedebista faça parte de sua equipe no pleito deste ano. 

Em 2012, quando disputou a eleição para prefeito de Cuiabá, Eder foi um dos principais articuladores de sua campanha, responsável pela participação do petista no segundo turno. Neste sentido, Lúdio deixou a entender que o ex-secretário foi um erro. 



Diário - Na primeira parcial de prestação de contas junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), consta que o Diretório Nacional do PT doou mais de R$ 6 milhões para o candidato ao governo do Mato Grosso do Sul, Delcídio Amaral, e nada para o senhor. A que o senhor atribui isso? Ainda espera a contribuição financeira do PT Nacional? 

Lúdio Cabral – Bem, eu continuo fazendo a campanha, com dificuldade financeira, utilizando do máximo de criatividade para poder apresentar o nosso programa de metas para a população. Há a expectativa de doação da direção nacional do partido, mas em relação a isso eu tenho que respeitar o cronograma deles. Infelizmente, ainda não há uma data estabelecida para que isso aconteça. Quem está responsável pelo diálogo com a Nacional é o [ex-deputado federal] Carlos Abicalil. 

Diário - A expectativa é intensificar a busca por recursos nesta segunda etapa? De onde devem vir as doações? 

Cabral - Continuamos em busca de recursos. Os alvos são os cidadãos que votam e queiram ajudar a estruturar a nossa campanha. Nós também devemos fazer eventos para arrecadar recursos. Mas não está diferente das outras campanhas nossas. Esse cenário é um cenário que nós vivenciamos em 2012, quando os recursos só chegaram em setembro. 

Diário - Esta dificuldade financeira não tem atrapalhado o andamento da campanha eleitoral? 

Cabral - Tem exigido muita criatividade, mas reduz o volume de material produzido, reduz a visibilidade nas ruas. Agora, a gente procura corrigir isso com o contato direto com as pessoas, com as caminhadas, com os eventos que a gente faz, com as viagens, enfim, com o corpo-a-corpo. Estamos procurando fazer uma campanha com baixo custo. Para mim, o fato de a gente estar fazendo uma campanha de custo baixo é um referencial positivo. Pelo menos, nós não estamos atrelados a nenhum tipo de interesse econômico. 

Diário - Com relação à campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) no Estado, quem está à frente e como deve ser a estratégia de abordagem? 

Cabral - A campanha da Dilma é coordenada pelo Willian Sampaio, presidente da Executiva estadual do PT, com agenda casada com a nossa campanha. As diretrizes de trabalho serão integrar o conteúdo das propostas no plano nacional ao nosso programa de metas para o Estado. Portanto, a integração de conteúdo programático e agenda comum. 

Diário - E essa aproximação do empresário Eraí Maggi (PP) à campanha da Dilma? 

Cabral - Ele diz que apoia a Dilma, mas o partido dele indicou o vice da chapa do adversário, que faz campanha para o Aécio Neves. É um comportamento contraditório. Quem apoia a Dilma em Mato Grosso apoia a candidatura do Lúdio. 

Diário - Na sua avaliação, a entrada da candidatura da Marina Silva (PSB) pode atrapalhar os planos de reeleição da presidente Dilma? 

Cabral - Não, porque tanto a campanha da Dilma quanto a nossa estão embasadas em apresentar aquilo que foi feito no Brasil nos últimos doze anos, em especial no governo dela, e em falar da continuidade de mudanças que queremos para o futuro. Isso independe de quem são os candidatos adversários. 

Diário - O senhor acredita em segundo turno na eleição presidencial? 

Cabral - A avaliação pessoal minha é de que a Dilma vença ainda no primeiro turno, mas daqui até o dia da eleição ainda tem muito tempo. 

Diário - Tem data prevista para a visita dela e do ex-presidente Lula? 

Cabral - Setembro, mais ainda não tem data definida. 

Diário - O que o senhor acha da polarização direta entre o deputado estadual José Riva (PSD) e o senador Pedro Taques (PDT)? Isto pode estar impedindo o senhor de avançar nas pesquisas? 

Cabral - Eu tenho pautado a minha campanha por uma estratégia de apresentar as nossas propostas, e não confrontar os demais candidatos. Em minha opinião, esta campanha do acirramento, da acusação mútua, desqualifica o processo de debate eleitoral. 

Diário - O ex-presidente Lula apareceu logo no seu primeiro programa eleitoral. Qual foi o objetivo? 

Cabral - O Lula é a mais importante liderança que o Brasil tem atualmente. Poder contar com o apoio dele, tê-lo no nosso programa de televisão, e me espelhar nele para elaboração do nosso programa de governo são uma honra para mim. 

Diário - Em 2012, o ex-secretário de Estado Eder Moraes foi um dos principais articuladores de sua campanha, principalmente no segundo turno. Existe a possibilidade de ele entrar em sua campanha este ano? 

Cabral - Toda campanha é de aprendizado, de erros e de acertos. Eu sei dos acertos que eu tive na campanha de 2012 e os erros que eu cometi. Eu não tenho compromisso nenhum com ele. 

Diário - Se o senhor não estivesse disputando a eleição, em quem votaria para governador? Pedro Taques ou José Riva? 

Cabral - Pergunta muito difícil de responder, porque eu iria procurar um candidato que apresentasse um programa consistente para o futuro do Estado, que soubesse fazer uma leitura crítica da realidade, identificando acertos e erros dos governos que Mato Grosso já teve. Enfim, um candidato que procurasse pautar a campanha no diálogo e na mobilização da população, um candidato sintonizado com o projeto nacional da Dilma, um candidato que fosse jovem e representasse um governo novo de verdade para o nosso Estado.

Diário - O senhor acredita em segundo turno na eleição para o governo do Estado? 

Cabral - Hoje a eleição está indefinida e aponta para um cenário de dois turnos. Agora, isso pode se modificar ao longo do período eleitoral. Até porque a campanha se intensifica agora com o início do programa eleitoral de TV. Mais todo o cenário é possível para o segundo turbo hoje. 

Diário - Um dos seus adversários, José Riva, está pendente com a Justiça Eleitoral. Por isso, está concorrendo sub judice. Como o senhor vê esta situação e o que espera do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral? 

Cabral - Eu tenho me pautado na nossa campanha e não na campanha ou situação jurídica dos meus adversários. 

Diário - O candidato a senador da sua coligação, deputado federal Wellington Fagundes (PR), disse que o maior erro do governador Silval Barbosa (PMDB) foi prometer entregar o VLT antes da Copa do Mundo. O senhor concorda com isso? 

Cabral - Sobre o VLT em específico, a expectativa de concluir todas as obras antes que a Copa do Mundo acontecesse talvez tenha contagiado de otimismo o governo. Foi um erro de comunicação, não de prioridade. Na minha opinião, o maior erro da gestão do governador Silval é a gestão da política de Saúde, que precisa ser modificada. 

Diário - O governador vai participar da sua campanha efetivamente? Ele vai para as ruas pedir voto, assim como foi em 2012? 

Cabral - Ele já está participando da nossa campanha. Ele é filiado ao PMDB, e o PMDB faz parte da coligação que apoia a minha candidatura. A diferença é que este ano ele está no Governo e é uma eleição para governador, de abrangência estadual. Como a maior parte da nossa agenda está concentrada no interior, é mais difícil a participação do governador. No programa eleitoral, vai haver a participação dele e de todas as lideranças que me apoiam, quando necessário. 

Diário - O senhor disse que a falta de gerência na Saúde foi um dos principais erros na administração Silval Barbosa. Quais, de fato, são as suas propostas para a área? 

Cabral - Primeiro, substituir o modelo de gerenciamento dos hospitais regionais e de alguns serviços do Estado. Ou seja, retomar a gestão direta. Essa é a iniciativa mais imediata. Agora, para organizar uma política nova de saúde nós vamos, primeiramente, buscar apoiar os municípios na expansão da saúde da família. Hoje nós temos uma cobertura da população em torno de 60%, e nós queremos chegar a 85% por meio do apoio financeiro e da cooperação técnica com os municípios, para também melhorar a qualidade de atendimento. Ela funcionando bem, resolve 80% dos problemas relacionados à Saúde e reduz a necessidade de hospitais. O foco nosso é aproximar o serviço de saúde de onde a população vive. Além do apoio à saúde da família, nós queremos revitalizar 55 hospitais municipais de pequeno porte, para que eles deem conta dos atendimentos hospitalares mais simples, como parto normal, cirurgia de hérnia e vesícula. Isso vai possibilitar que a população receba o atendimento para as demandas mais básicas no campo hospitalar. Por meio disso, nós vamos desconcentrar os hospitais regionais de atribuições mais simples, e para nós diminuirmos o fluxo de pessoas para Cuiabá. 

Então, além de revitalizar os hospitais, o Estado vai reordenar a rede de hospitais regionais, para que eles se tornem porta de entrada para urgência e emergência no trauma, clínica em cardiologia e neurologia. Para que todos sejam dotados de Unidade de Terapia Intensiva, tanto adulto quanto infantil. Paralelo a isso, implantar ambulatórios médicos onde haja mais demandas. 

 

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