Abaixei para ouvi-la e aos sussurros me disse o nome da música. Que momento sublime seria se sabedoria tivessem esses jovens.

Era aula de atendimento e eu propus uma dinâmica: queria que percebessem outros detalhes no comportamento do cliente além da fala. Os alunos teriam que adivinhar qual era música, de acordo com a mímica que eu fazia.

De início o delay era relativamente extenso, mas quanto mais popular era a música, mas rápido era a resposta. Passado o tempo, acabaram minhas ideias. E quais músicas que seriam possíveis ser adivinhada por jovens fãs de Malhação em um curso de aprendizagem industrial?

Ao pedir sugestões foi chamado por uma das moças. Os colegas não poderiam saber, portanto, ao ouvir o sussurro dela, algo de especial me tomou. Foi um choque em alento, como queda de pressão! Era uma música especial, daquelas de Chico Buarque. Sorriso, felicidade e todas as técnicas de interpretação, que mal dominava, usei naquele momento para interpretar a música.

Uma ave, um sorriso malévolo que só Antony Hopkins saberia fazer. Voou, bicou vorazmente. Gritou, mesmo que essa ave grito não tivesse. Ninguém adivinhou! Razões sociais da juventude capitalista ocidental. Bem alto, como se detivesse as palavras cabalísticas que fizeram o mar se abrir, revelei: CARCARÁ!!! Era o grande momento. Olhei para aluna como que se quisesse homenageá-la e me deparei com uma cara de dúvida! De duvida indignante (?):

-Não professor, é TATARADA!!!

Ah! Perdi a esperança e voltei pra casa decepcionado! Rindo da minha ignorância ou ingenuidade.

Guilherme Vargas, professpr, especialmente para o Diário de Cáceres