Após um ano do duplo homicídio que chocou a cidade de Cáceres (220 km a Oeste de Cuiabá), a acusada de cometer crime, R.G.C, 21, deve passar por exames de sanidade mental e dependência química.
Ela é ré no inquérito da morte de dois irmãos, um de 8 e outro de 9 anos, afogados no Rio Paraguai.
O pedido dos exames partiu da defesa da acusada. O exame deve ser realizado no dia 12 de janeiro de 2015, no Instituto Médico Legal (IML) da capital, conforme determinação do juiz da 1ª Vara Criminal de Cáceres, Jorge Alexandre Ferreira.
Segundo o defensor público Rodrigo Bassi Saldanha, o laudo é necessário diante da forma como ocorreu o crime, no dia 4 de dezembro de 2013.
“A crueldade e a repercussão do caso foram determinantes para elaborar o pedido do exame”, disse Saldanha.
Crueldade
De acordo com a Polícia Civil, outros três menores são acusado de participar do crime.
Dois deles, primos das vítimas, são suspeitos de fazer sexo com os corpos, às margens do rio.
Uma das vítimas ainda teve a cabeça, as pernas e os braços arrancados, antes de ser jogada na água.
A delegada Mariell Antonini Dias, responsável pelo inquérito, disse que os adolescentes estavam sob efeito de drogas, quando se juntaram para matar as crianças.
“Eles relataram, em depoimento, que usaram entorpecentes, antes do duplo homicídio. O caso gerou muita repercussão no município, pelos requintes de crueldade praticados pelo grupo”, afirmou a delegada.
O irmão mais novo das vítimas “também estava marcado para morrer”, disse a delegada.
Ele conseguiu fugir e, mesmo assim, ainda foi ameaçado de morte por um dos menores, um dia após o crime.
Após dois dias do duplo homicídio, o primeiro corpo foi encontrado. O garoto de nove anos estava com uma marca roxa no pescoço e o laudo primário constatou óbito por afogamento.
Já o segundo corpo foi encontrado dois dias depois.
No mesmo dia, o pai dos meninos levou o filho mais novo à delegacia da cidade. Lá ele detalhou o crime.
“Eles saíram para tomar banho no Rio Paraguai. Lá as vítimas foram afogadas e, depois de mortas, os dois adolescentes praticaram sexo com os corpos. Enquanto isso, as garotas seguravam o menino de sete anos, que depois consegui escapar”, disse.
“Eles utilizaram um machado, um facão e um martelo, que estavam em uma casa abandonada próxima ao local. A intenção era esquartejar os dois irmãos, cortar as barrigas e colocar pedras para que afundassem e não fossem encontrados. Mas, como perceberam que algumas pessoas estavam se aproximando, só deu tempo para fazer isso com um deles”, completou a delegada.
Presos
De acordo com a Polícia Civil, cada um dos suspeitos alegou motivos para o assassinato. R.G.C está presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá.
Os dois adolescentes estão internados no Centro Socioeducativo de Cuiabá e, à época, disseram à polícia que consumiram entorpecentes antes do crime.
Já a menina de 11 anos está sob a proteção dos pais e, devido à idade, recebe apenas acompanhamento psicológico.
A Justiça determinou que a ré enfrente júri popular, mas a data ainda não foi definida e deverá ser agendada somente após o resultado exame.