Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Com medo. De novo?
Por por Clarice Navarro
02/02/2015 - 17:48

Foto: arquivo
Duas fotos postadas em rede social e o desabafo: "Estes são os meus vizinhos! lotes completamente abandonados, estamos apavorados com a notícia da epidemia da dengue, não adianta cuidar do nosso e esses ricos não limpam os seus lotes. 

Cadê a lei dos terrenos sujos/limpos!" chamou minha atenção. Vi como um pedido de socorro, já que Cáceres, segundo dados divulgados na quinta,29, pela Vigilância Sanitária, está com o índice de infestação predial do mosquito da Dengue em 4.1%, percentual este classificado pelo Ministério da Saúde como de ALTO RISCO epidemiológico. 

Divulgada a nota de alerta, começaram a chegar as críticas. Um quadro que se vê ano após ano, e de tamanha gravidade, que a cada surto ou epidemia, nós, comunicadores, temos sempre a tristeza e o desconforto de produzir matérias que informam mortes por dengue. 

Sim, a dengue mata. Mas apesar das campanhas divulgadas nas mídias, apesar dos mutirões de limpeza e mais, do heroico trabalho dos agentes de saúde municipais, parece que as pessoas só se lembram disso, e só sentem medo, quando começam as chuvas e, com elas, a proliferação do mosquito transmissor. 

"Com todo cuidado que tomo, já tive a doença duas vezes. Minha neta teve. Uma filha também. É horrível. Mas o que causa revolta, é ver a cena se repetir a cada ano. "



Já tive dengue duas vezes. Meu quintal é limpo, cuido para que não haja nada que possa ser usado como criadouro. Acho que essa é uma atitude básica. De cidadania e de respeito para com todos os munícipes. 

Com todo cuidado que tomo, já tive a doença duas vezes. Minha neta teve. Uma filha também. É horrível. Mas o que causa revolta, é ver a cena se repetir a cada ano. 

Lotes sujos, caminhões que recolhem o lixo da dengue nos mutirões que são realizados em bairros saírem lotados; Pronto Atendimento Médico cheio de pessoas com sintomas, crianças sofrendo. 

Posso guardar o texto para reutilizá-lo em 2016. A não ser que, num repente, as pessoas acordem e percebam que a dengue é uma doença que deve ser combatida o ano todo, todos os dias, com medidas simples e eficazes, resumidas numa palavra pequena e mágica: limpeza. 

O combate é de responsabilidade de cada um de nós. Não adianta a prefeitura, sem estrutura e pedindo ajuda a outras instituições, realizar as medidas paliativas como mutirões e até a nebulização (fumacê), se cada cidadão não fizer a sua parte, mantendo o que é seu (casa, terreno, quintal) limpo. 

E preservando a sua vida, a da sua família, do seu vizinho, da família do seu vizinho. Uma ação em cadeia que irá surtir o efeito necessário. E no ano que vem, e ano após ano, o medo irá diminuindo, juntamente com o número de casos de dengue. 

Não adianta ficar acomodado e demonstrar medo. É cada um fazendo a sua parte. E vamos combinar: casa, quintal e lotes limpos não combatem só a dengue. 

É uma questão de urbanidade. 

CLARICE NAVARRO é jornalista na cidade de Cáceres (MT).
 


 
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