Há um mês no cargo, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PDT), declarou nesta segunda-feira (2) que em uma audiência de cinco dias será apresentado à população um levantamento sobre a situação das obras de infraestrutura previstas para a Copa do Mundo e que até hoje não ficaram prontas - entre elas, a do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Para concluir essa obra, antes estimada em R$ 1,4 bilhão, ele adiantou que deve ser necessário ainda mais verba que o previsto.
A audiência está marcada para começar na próxima quinta-feira (5), com término somente no dia 9. Em uma entrevista concedida à rádio Centro América FM, Taques antecipou que a obra do VLT (que encontra-se parada), deverá se revelar o maior escândalo da história de Mato Grosso. No entanto, ele se comprometeu a terminá-la. Uma das irregularidades, segundo ele, seria o pagamento antecipado de metade do valor referente à compra dos vagões no ato da encomenda.
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Veículo Leve sobre Trilhos (VLT)
Taques disse que o fato de estar apenas 31 dias à frente do Executivo estadual não o exime de sua responsabilidade de mostrar para o cidadão onde foi parar o dinheiro das obras da Copa. "Esse é o maior escândalo da história de Mato Grosso e vamos mostrar isso ao povo mato-grossense. Terminaremos as obras do VLT, mas não mandarei o lixo para debaixo dos trilhos", enfatizou.
As obras ligadas à Copa, segundo ele, pararam na gestão passada por 'incompetência'. "Só os vagões custaram R$ 500 milhões e no dia da encomenda já pagaram R$ 251 milhões. Encomendaram e já pagaram 51% do valor dos vagões. Agora vamos mostrar o que fizeram com o dinheiro que pertence aos cidadãos", afirmou Taques, que ocupa o cargo pela primeira vez. Antes disso, atuou como procurador da República e senador.
Na audiência, devem ser apresentadas as alternativas do governo para dar continuidade às obras do VLT. "Talvez, nessa audiência, mostraremos aos cidadãos a modelagem financeira para que ele [VLT] possa terminar e que possamos afastar de uma vez por todas esse 'rasgo' dentro de Cuiabá e de Várzea Grande", pontuou.
Auditoria
As obras já realizadas e que ainda estão sendo executadas no estado passam por auditorias, de acordo com o governador. Um dos problemas apontados por Taques é a falta de auditores para concluir esses trabalhos. "O estado tem poucos auditores e, infelizmente, para onde você olha tem irregularidades, tem ilícitos. Estamos trabalhando sobre duas lógicas. A primeira, pensar no futuro do estado para que ele não saia dos trilhos, mas não vou esquecer do passado. Quem tem medo de auditoria, cometeu crime e para este existe lei".
Segurança
Os índices de violência registrados no estado devem ser enfrentados com técnica, conforme o governador. "Crimes como homicídios, roubos e violência sexual se resolve também com prevenção, mas ela tem um resultado mais a médio e longo prazo. Mais se revolve mais com repressão e polícia na rua e aqui nós temos um problema: poucos policias. E nossos policiais estão trabalhando com sobrecarga e isso nós temos que discutir", afirmou. Cuiabá e Várzea Grande teve 38 assassinatos em janeiro deste ano.
Relacionamento com a AL-MT
A relação do governo com a Assembleia Legislativa de Mato Grosso deve ser pacífica e disse considerar normal ter oposição. "Fui senador de oposição por quatro anos. A oposição é importante e é importante que tenhamos oposição. Como senador de oposição, critiquei muito o governador Silval Barbosa pelas obras do VLT, por exemplo", opinou.
ZPE de Cáceres (MT)
Com a construção autorizada em 1990, o projeto para a implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) deve sair do papel, segundo Taques. "Estamos buscando meios financeiros para concluir a ZPE de Cáceres. Ela está neste sonho desde 90. Precisamos que essa produção do Chapadão dos Parecis chegue a Cáceres e possa ser exportada pelo Porto de Santo Antônio das Lendas", disse.
O governador contou que para tratar de segurança e desenvolvimento irá participar de uma reunião com o embaixador da Bolívia nos próximos dias. Neste mês, deve haver uma definição sobre o período de início da instalação. Para implantação da ZPE, serão necessários R$ 12 milhões, segundo Taques.