Em apenas alguns minutos circulando por esta estrada é possível ver lobinhos, tamanduás e cervos em meio a uma exuberante vegetação de cerrado alto. “A primeira vez que viajei por esta Estrada, eu me lembrei imediatamente do Pantanal, nos anos de 1980, quando eu visitei a região pela primeira vez. A diversidade de pássaros e o número de animais que podemos encontrar rodando poucos quilômetros são incríveis”, afirma Douglas Trent, pesquisador-chefe do Projeto Bichos do Pantanal, que é coordenado pelo Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental e patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.
Poucos brasileiros sabem que, em uma porção do país (quase) desconhecida pelos turistas, na fronteira do Brasil com a Bolívia, dois importantes biomas realizam um inusitado encontro. Em Cáceres, no Mato Grosso, é possível ver o resultado do abraço da Floresta Amazônia com o Pantanal. Essa paisagem única é capaz de surpreender inclusive cientistas experientes.
Foram as panteras do Pantanal de Cáceres que chamaram a atenção do ecólogo Douglas Trent para a cidade. O local é reconhecido como um dos melhores pontos do mundo para a visualização de onças-pintadas. Atuando na região desde 2005, com turismo de observação de vida silvestre e birdwatching, Trent tem mais de trinta mil fotos e filmagens inéditas, como cenas de acasalamento de onças-pintadas, revoadas de aves, famílias de ariranhas, entre outros animais. Suas constantes viagens para a região lá reforçaram a certeza de que Cáceres é um dos locais mais bonitos e intrigantes do país. Desde 2006 ele transformou seus registros de onças-pintadas em uma pesquisa de ecologia e contagem populacional.
A biodiversidade e o comportamento incomum dos animais, a região é um dos únicos pontos do Brasil com registros oficiais de ataques fatais de onça-pintada contra seres humanos, fizeram com que o ecólogo tomasse uma importante decisão: criar um projeto para unir a ideia de preservação daquele Pantanal com formas sustentáveis de desenvolvimento.“Na ecologia sabemos que está tudo interligado, inclusive o ser humano. Não tem como protegermos, a longo prazo, uma porção da natureza se não ajudarmos os habitantes a conquistarem dignidade em sua sobrevivência”, diz Trent.