Várias vacinas estão em falta no ambulatório da criança em Cáceres. Muitas mães vão diariamente ao local, que fica na rua 13 de junho, no centro da cidade, e voltam para casa sem vacinar seus filhos.
Estão em falta as vacinas BCG, que é a primeira aplicada nos recém-nascidos, Hepatite B,Pentavalente, Rotavirus, Pneumonia e Meningite O ambulatório tem a Tríplice Viral (para sarampo, caxumba e rubéola), e a Triplice Bacteriana (contra difteria, tétano e coqueluche), mas a equipe de enfermagem do local informou que o estoque é sobra da remessa anterior e está acabando.
O ambulatório -quando tem a vacina- atende em média de 60 recém- nascidos por mês com a BCG, que também é aplicada no hospital. Quando o hospital não tem a vacina, o número de atendimentos no ambulatório sobre para uma média de 80 recém-nascidos atendidos.
Daniela Aparecida da Silva,moradora do bairro Jardim Imperial, que levou a filha de nove dias para tomar a primeira dose da BCG, afirmou que algumas conhecidas dela estão indo para municípios vizinhos para vacinar os filhos. Ela disse ainda que foi informada que não há previsão de quando a vacina estará disponível no Ambulatório da Criança em Cáceres. “Nos dão um número de telefone e pedem para que a gente ligue sempre. Tenho amigas que foram até Mirassol D´Oeste levar os filhos para que fossem vacinados”.
Outra mãe,Tainara, que mora no Assentamento Nova Esperança, a 70 quilômetros de Cáceres, afirmou que está muito preocupada. Demonstrando nervosismo, ela disse tem uma filha especial em decorrência da meningite, e procurou o ambulatório na manhã de ontem para vacinar a filha menor, justamente contra a meningite, e se assustou ao ver que a vacina está em falta. “Estou assustado, porque já tenho a menina doente. Não posso deixar de vacinar minha filha menor.”
Várias mães presentes no local afirmaram que iriam procurar o Ministério Pública Estadual e a Defensoria Pública para denunciar a falta das vacinas.
Por telefone, o secretário de Saúde do município, Wilson Kishi, informou que a falta da vacina BCG está ocorrendo em todo o pais. Sobre as outras vacinas, ele informou que elas ficam estocadas no Escritório Regional de Saúde, que não disponibiliza a distribuição de lotes pequenos, e que a Vigilância Sanitária, que mudou de prédio há dois meses, não tem ainda o local apropriado para o armazenamento das vacinas, a chamada sala de frio. O procedimento normal é a Vigilância buscar os lotes de vacina no Escritório Regional e estocar na sala de frio para posterior distribuição para as unidades de saúde, de acordo com a demanda.
Por falta da sala, isso não está sendo feito, causando a falta de várias vacinas à população.
Kishi atribuiu o problema a burocracia existente no serviço público e disse que o processo da licitação para a empresa adequar a sala no prédio da Vigilância Sanitária está em fase de conclusão. Segundo o secretário, em dez dias a sala estará pronta e o problema resolvido.
Um funcionário da Vigilância Sanitária que preferiu não se identificar informou que no mês de março, a equipe foi até o Escritório Regional, pegou o lote e levou a cada unidade de saúde. “O que não é nossa função, mas fizemos, pensando na população. É lastimável a mudança para um prédio sem as condições adequadas de funcionamento. Se continuarmos buscando e distribuindo vacinas, a sala de frio, que deveria estar pronta assim que mudamos, vai demorar ainda mais para ser concluída”.