Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Se existo, então sou
Por por Gonçalo Antunes de Barros Neto
07/12/2015 - 10:03

Foto: arquivo

O saber é uma obra coletiva, pois, ninguém criou algo do zero.

Em Sartre, especialmente no ‘O Existencialismo é um Humanismo‘, vê-se que o conferencista (a obra reproduz a conferência proferida em 1946, objetivando explicar a corrente de pensamento filosófico existencialista) não está sozinho, mas acompanhado de Jaspers e Marcel, do existencialismo cristão, e Heidegger, assim como ele, ateu.

Atento ao fato de que o ideal filosófico não é doutrinar, mas algo que possibilite que se tirem conclusões racionais sobre determinado assunto, libertando-nos dos costumes, mitos etc., Sartre provoca inquietação em seus ouvintes do pós-guerra, buscando do espanto, uma admiração.

Da contextualização de sua fala e escrita, percebe-se que Sartre não busca resultado prático, mas o esclarecimento da questão existencialista ao abordar e refutar, de início, as várias acusações dirigidas ao existencialismo.

Enumera-as: quietismo, com a consequente filosofia contemplativa, burguesa, portanto (acusação dos comunistas); acentua a ignorância humana, expondo o sórdido e negligenciando o belo, o lado luminoso da natureza humana; e na ótica cristã, acusam aos existencialistas de negar a realidade e a seriedade dos empreendimentos humanos, suprimindo os mandamento de Deus e os valores inscritos na eternidade.

Registra, de início, que por existencialismo se deve entender como uma doutrina que torna a vida humana possível, declarando que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma subjetividade humana.

No existencialismo se percebe não haver contradição (diferente de contrariedade) na realidade, no homem em concreto, mas somente no raciocínio. E se há contradição no raciocínio existencialista, esta supera as vertentes cristã e ateia, ancorando-se tão somente em preconceitos fundamentalistas, tanto religiosos quanto metafísicos.

As acusações em face do existencialismo, penso, provêm muito mais da astúcia que da inteligência (usando, em contradição, o próprio pensamento agostiniano), visto não resistirem à dialética. As premissas são falsas na medida em que os interesses que as fundamentam são obscuros e fundamentalistas, tanto de religiosos quanto de comunistas, apesar de que Sartre tentará salvar-se como aliado destes últimos.

Após equalizar e indicar precisamente os pontos em que a doutrina existencialista é atacada, Sartre define como ponto comum entre os existencialistas cristãos e ateus o fato de que a existência precede a essência, ou seja, é preciso partir da subjetividade.

E como explicar o primado da existência? Sartre se socorre da realidade circundante, não do homem, mas dos objetos, em que a essência precede a existência. Por exemplo, ao olhar para o corta-papel, de antemão conhecemos sua utilidade e objetivamente apreendemos sua essência.

Antes mesmo daquele corta-papel ser produzido, vale dizer, ter existência física, sabemos tudo quanto necessário para fabricá-lo assim como para qual finalidade servirá. Temos a essência antecedendo a existência.

Se assim o é nos objetos sem subjetividade, no homem, ao contrário, é a partir da existência que se formará a essência. Até então é um nada, e sua essência se formará da realidade que viverá.

É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS é juiz de Direito em Cuiabá.

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