Uma quadrilha que roubava maquinários e trocava por droga na Bolívia é alvo de uma operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (14). De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa atuava em Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pernambuco. A operação, dividida em duas, deve cumprir 36 mandados de prisão de integrantes da quadrilha. Até o final da manhã 24 pessoas foram presas, sendo que 7 já estavam presas em cadeias. Entre os presos está um vereador de Araputanga, a 371 km da capital.
Segundo a Polícia Civil, a primeira operação, batizada de 'Poeira Branca', deve cumprir 19 mandados de prisão preventiva contra a quadrilha que trazia maquinários agrícolas, como tratores roubados ou furtados de São Paulo. O grupo trocava os veículos por drogas na Bolívia e na fronteira de Mato Grosso.
A operação cumpre três mandados de prisão nos municípios paulistas São José do Ribeirão Preto, Catanduva e Marapoama; 1 mandado em Mato Grosso do Sul; e os demais em Mato Grosso nas cidades de Rondonópolis (1), São José dos Quatro Marcos (3), Diamantino (1), Jangada (1), Cáceres (2), Araputanga (3), Glória D' Oeste (1), Porto Esperidião (2) e Mirassol D' Oeste (1).
Uma máquina roubada no ano de 2014, na cidade de Hortolândia (SP), foi encontrada em maio de 2015 em uma propriedade rural no município de Indiavaí, a 398 km de Cuiabá. Outras duas foram apreendidas em Araputanga.As investigações começaram há 10 meses. Durante os trabalhos, três máquinas agrícolas do tipo retroescavadeiras foram apreendidas. As máquinas vieram de São Paulo e foram entregues a compradores em municípios da fronteira de Mato Grosso com a Bolívia em troca de droga.
Os maquinários estão avaliados em R$ 150 mil e eram negociados por valores médios de R$ 30 mil, convertidos em tabletes de pasta base de cocaína. Também nessa investigação, os policiais descobriram que um assassinato ocorrido em 27 de julho de 2015 estava relacionado ao tráfico de drogas promovido pela compra das máquinas. A vítima, identificado como Luciano Balbino, foi morta a tiros em uma estrada vicinal, próximo ao município de Indiavaí. Ele tinha comprado a retroescavadeira apreendida em Indiavaí e não teria pago a quadrilha, que mandou executá-lo.
Rota
A segunda parte da operação, batizada de 'Rota Tripla' é alusiva aos três principais destinos da droga adquirida pela organização criminosa na fronteira. O entorpecente saía do município de São José dos Quatro Marcos, seguia para Cuiabá, Goiânia (GO) e estados do Nordeste, como Pernambuco e Bahia.
Dezessete mandados de prisão e sete de buscas estão sendo cumpridos em Caruaru (PE), Goiânia (GO), São José dos Quatro Marcos, Cuiabá, Cáceres, Araputanga e Mirassol D' Oeste. Outras sete ordens judiciais foram decretadas contra traficantes já presos, sendo 4 na cadeia de Mirassol D' Oeste, 1 na unidade de Araputanga e 2 para presos recolhidos em São José dos Quatro Marcos.
As investigações dessa quadrilha levaram à apreensão de mais de 250 quilos de cocaína no ano passado, apreensão de um fuzil, uma pistola, dois revólveres e sete veículos. Um dos maiores carregamentos, 120 quilos de cocaína, foi apreendido em setembro de 2015, com quatro membros da quadrilha que foram presos na fronteira.
O delegado Juliano Carvalho, da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), explicou a quadrilha alvo da operação 'Rota Tripla' conseguia movimentar mais de 200 kg de cocaína por mês, o que equivale a mais de R$ 1,2 milhão. O líder desse grupo foi preso na operação.
Os envolvidos são empresários da região de fronteira e de Cuiabá, apontado como os líderes do tráfico, que contavam com pessoas desempregadas e de baixa instrução para o transporte do entorpecente escondido em veículos.
A quadrilha levava a droga para alguma chácara na fronteira e colocava o entorpecente em compartimentos falsos de veículos.