Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Morte de bombeiro: áudio que revela ameaça será periciado
Por Joanice de Deus
18/11/2016 - 11:03

Foto: DC
A gravação veio à tona após a morte de Rodrigo Patrício Lima Claro, 21 anos, em um treinamento na Lagoa Trevisan
 
 

O áudio que revelaria um instrutor do curso de Bombeiros Militar de Mato Grosso fazendo ameaças aos alunos que pensassem em processar a corporação por "tortura", foi encaminhado para perícia técnica. 

A gravação veio à tona após a morte de Rodrigo Patrício Lima Claro, 21 anos, que estava internado após passar mal em uma aula de instrução da corporação, na Lagoa Trevisan, em Várzea Grande. A aula também deverá passar por reconstituição. 

Além de um procedimento investigatório aberto pelo CB, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) entrou no caso e abriu inquérito para apurar a morte de Rodrigo Claro, na última quarta-feira. A tenente Isadora Ledur, que atuava como instrutora de salvamento aquático do curso, foi afastada. 

O áudio foi gravado por um dos alunos que estava alojado na Escola Machado, em Cuiabá. Nele aponta como eram tratados os alunos por um oficial dos Bombeiros. Segundo informações, o episódio ocorreu em outubro às 2 horas da madrugada. 

Nele, um sargento ameaça os alunos a entrarem na Justiça ou recorreram ao Ministério Público do Estado (MPE) para denunciar as torturas que estavam sofrendo, e diz palavrões de todo tipo. “Ninguém tem medo de processo, é tortura, é num sei o quê. Pra ser bombeiro todos passam por isso. Quem quiser processar, processa!”, diz o oficial. “Ninguém tem medo da justiça aqui não meu bem”, desafia o instrutor afirmando que “quem entrou agora (para a corporação) não tem moral para processar”. 

O jovem morreu na quarta-feira, depois de dias internado em um hospital particular da capital. Em uma motocicleta, ele deixou o treinamento da corporação que era realizado na Lagoa Trevisan, nas proximidades de Cuiabá, após sentir-se mal. 

Claro procurou ajuda médica e acabou sendo hospitalizado em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Além de não prestar o socorro necessário, o advogado Júlio Cesar Lopes informou ao Diário que a família do aluno acredita que ele tenha sido vítima de excessos durante o treinamento militar. 

Outros colegas já haviam relatado ter passado mal durante os exercícios, além de presenciarem situações de exagero. De acordo com um laudo preliminar da Politec, a causa da morte é indefinida e um novo laudo será emitido no prazo de 15 dias. 

 

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