Uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contra crimes ambientais em terras indígenas na divisa de Mato Grosso com Rondônia flagrou a extração ilegal de diamantes e roubo de madeiras.
A fiscalização foi realizada na semana passada e durou quatro dias. Não houve detidos. Quando os agentes chegaram, os garimpeiros se esconderam na mata e fugiram, deixando para trás todos os equipamentos usados na atividade clandestina. A atividade é proibida por lei. Na área indígena Parque do Aripuanã, foram detectados 30 hectares de garimpo.
O mesmo ocorreu em relação à extração de madeira. Na ação foram incendiados dois caminhões para transporte de madeira, um skidder (trator para arrasto de toras), uma camionete Mitsubishi L200 e uma pá carregadeira. A ação resultou em um prejuízo de pelo menos R$ 600 mil aos madeireiros. A legislação autoriza a queima e destruição do material usado na prática do crime ambiental.
Os fiscais também encontraram, no porta-luvas de um caminhão, guias florestais em nome de Hidemar Finco, fazendeiro vizinho à terra Indígena que possui autorização para exploração sustentável em 375 hectares de sua propriedade. Na área vivem índios cinta-larga, alguns deles aliados de madeireiros e garimpeiros.
De acordo com informações do jornal "Folha de São Paulo", o uso de créditos legais para esquentar árvores roubadas de áreas protegidas é o modus operandi mais comum das quadrilhas de madeira. O documento facilitará a investigação da quadrilha.
Além disso, o tamanho do acampamento encontrado mostra que uma operação semelhante feita no ano passado não conseguiu coibir a atividade. À época, foram destruídos dois caminhões e um trator usados na extração de madeira.
A reportagem da Folha revela ainda que as áreas indígenas na divisa entre Mato Grosso e Rondônia são as últimas grandes florestas dessa região amazônica.
Traz também que a retirada de madeira seja seletiva, a atividade costuma ser a precursora do desmatamento, que cresceu 29% na Amazônia entre agosto de 2015 e julho deste ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Porém, o alto lucro obtido pela venda da madeira ilegal e a baixa punição para esse tipo de crime favorecem a reincidência, na avaliação de Roberto Cabral, coordenador do Grupo Especializado de Fiscalização (GEF).
Além disso, as ações costumam gerar revolta contra o Ibama nas cidades do Norte, onde o roubo de madeira em áreas protegidas é uma prática socialmente aceita e vista como uma das poucas alternativas econômicas da região.
Já Hidemar Finco informou que contratou frete para transportar madeira retirada de sua propriedade e não soube dizer como a guia ficou no caminhão. Também não lembra o nome completo das pessoas que contratou para fazer o transporte.
Ele, que deverá ser indiciado por exploração ilegal de madeira, disse que já está providenciando a sua defesa. “Estou ciente de que não cometi nenhum erro”, afiançou. Agora, a Polícia Federal de Rondônia toma depoimentos para chegar aos responsáveis pela extração de diamantes dentro da reserva indígena.