O autor da ação é o presidente do PSD em Cáceres, o médico Sérgio Arruda. Ele desconhece a assinatura como sua em uma procuração, segundo apurou o Fato e Notícia, com base em conversas exclusivas no WhatsApp dos envolvidos no caso. Ele ainda se sentiu traído por não saber da ação.
A procuração é documento comum necessário para advogados ajuizarem processos na Justiça, e foi assinada dia 15 de dezembro, mesmo dia em que foi ajuizada a ação na Justiça Eleitoral.
Sérgio não atendeu celular. Mas, respondeu pelo Whats que não é “nada disso, passaram informação errada para senhor”.
Nas conversas do WhatsApp, ele é enfático e direto. “Aquela procuração pedi anulação… não é minha assinatura. Entraram (sic) contra o Adriano sem me comunicar”, questiona o presidente do PSD em um trecho de conversa com um dos interlocutores do caso.
“Minha assinatura não bate. Quero ser avisado de qualquer ação do PSD Cáceres”, reitera o médico Sérgio.
Adriano Silva (PSB) toma posse em fevereiro de 2017, no lugar do deputado Max Russi, mesma sigla, que assume a Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) do governo Pedro Taques (PSDB). Adriano foi reitor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
Bastidores do poder
A ação envolveria supostamente o adversário do deputado Adriano, o também parlamentar, Leonardo Albuquerque (PSD).
A rusga entre ambos vem desde a eleição a prefeito em 2012 e eleição em Cáceres em 2016. Em 2012, Leonardo teve bom desempenho e quase derrotou o atual prefeito reeleito Francis Maris (PSDB), naquela ocasião no PMDB, apoiado por Adriano. Ele perdeu por cerca de 300 votos.
A ação envolve ainda uma briga interna do PSD em Cáceres, pois dois servidores que trabalham com o deputado Leonardo são do diretório do partido. Sérgio seria o fiel da balança, na medida em que nas conversas do Whats deixa claro que faz “política limpa” e “não gosto de jogo sujo”.
Deputados
O deputado Leonardo não atendeu às ligações da reportagem. Elas caíram na caixa postal do celular ou ele estava fora da área de cobertura.
Adriano defende a tese de que a ação é para torná-lo inelegível. Na medida em que quatro pontos da ação ajuizada o acusam de irregularidades que, segundo ele, não procedem. “Eu fui surpreendido com essa ação na semana passada. Foi protocolada no último dia antes da diplomação”, diz Adriano. “Ele (Sérgio) diz que a assinatura é falsa e ele não sabia da ação, que tem outro pano de fundo. Fico triste porque temos que somar por Cáceres”, avalia.
Neste ano, o deputado Leonardo apoiou a reeleição de Francis, do mesmo grupo de Taques, contra Adriano Silva, que perdeu e eleição à Prefeitura de Cáceres.
Há cerca de um ano, Adriano assumiu na Assembleia Legislativa por conta de acordo de rodízio. Devido ao poder político e visibilidade na mídia de Adriano, o deputado Leonardo acionou o futuro presidente da ALMT, Eduardo Botelho (PSB), para ele retornar da licença que tinha propiciado Adriano assumir. Botelho não cumpriu o período de afastamento e Adriano terminou sua suplência.
A briga entre os deputados Leonardo e Adriano mostra bem o tom das disputas eleitorais em Cáceres e a busca s espaços de poder. A eleição de Leonardo pelo PDT em 2014 supriu um vácuo de 20 anos que Cáceres ficou sem representante na ALMT. (Colaborou Priscilla Silva)