Preso da “Operação Hashtag” da Polícia Federal, que investiga suposta ação de terroristas no Brasil, entra no sexto dia de greve de fome, no Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). Leonid El Kadre de Melo, 33, foi preso no dia 24 de outubro na cidade de Comodoro (644 km a oeste), dois dias após a deflagração da operação.
A família diz que Leonid foi agredido por agentes prisionais e teve uma costela fraturada. Desde a última terça-feira (28), deixou de se alimentar e a greve de fome tem como objetivo denunciar as ameaças que vem sofrendo dentro da unidade apontada como de segurança máxima. Atualmente ele estaria recolhido em uma das enfermarias.
“Ele teme ser assassinado lá dentro e depois o caso ser tratado como suicídio”, alerta a mãe dele, a advogada Zaine El Kadre, que também atua em sua defesa. Segundo ela, o filho diz que está sendo alvo de manobras dentro da unidade, com o objetivo de colocar outros presos de alta periculosidade contra ele, para que seja executado.
Apesar da insistência da família e do preso em formalizar as denúncias à direção do presídio, não estão sendo atendidos. Zaine já denunciou o caso a Organização dos Estados Americanos (OEA), e aguarda providências.
Entre os atos de violência mais recentes está a determinação de que Leonid tenha barba e cabelo raspados, semanalmente. Ato, que não teria respaldo jurídico dentro da unidade e seria uma forma de punir ele pelo fato de ser convertido ao islamismo.
Boatos de que Leonid estaria tentando “comandar” a unidade, também estão sendo espalhados entre os outros presos, o que colocaria a vida dele ainda mais em risco. A mãe destaca que até hoje o inquérito da Polícia Federal que deu origem a operação, desencadeada no dia 22 de julho do ano passado, não foi concluído, bem como o processo judicial.
Dos oito presos na época, quatro foram colocados em liberdade. Já o filho adotivo dela, Valdir Pereira da Rocha, 36, que havia sido inocentado das acusações, foi espancado e morto ao ser transferido de Campo Grande para a Cadeia do Capão Grande, em Várzea Grande, no dia 13 de outubro do ano passado. Morreu dois dias depois no Pronto-Socorro de Várzea Grande. “Morreu com o alvará de soltura nas mãos”, diz Zaine.
Inquérito não concluído e processo não finalizado até agora não apresentaram qualquer prova de que Leonid seria o “braço direito” de um suposto grupo terrorista internacional, instalado no País. Valdir também foi morto com o alvará de soltura nas mãos, assegura a mãe, que teme Leonid tenha o mesmo fim.
Hoje ela está cuidando do neto, filho de Leonid, com quem ele estava ao ser preso em Comodoro. Preocupada, Zaine diz que sente que o filho está perdendo as forças para lutar contra as acusações injustas que sofreu e ainda sofre, sem a existência de qualquer prova de que realmente este grupo existia e de que ele e os demais teriam ligação com terroristas internacionais.
Dos presos na operação, além de Leonid, ainda continuam em unidade prisional Alisson Luan de Oliveira, Fernando Pinheiro Cabral e Luís Gustavo de Oliveira. Já, Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, Israel Pedra Mesquita, Levi Ribeiro Fernandes de Jesus e Hortêncio Yoshitake, estão em liberdade.