Gostaria de fazer neste artigo algumas provocações aos leitores.
2019 se iniciará muito diferente de 2018. No ar muitas interrogações. Alegrias e incertezas. Alegrias pelo fim de um ciclo ideológico de iniciado em 1995. Incerto pelo ciclo que se iniciará em 2019.
Começo por um vídeo do programa “Painel WW”, do jornalista William Waack, ex-Rede Globo. Discussões sobre o futuro governo Jair Bolsonaro, partindo de um ponto bem definido: a presença de até agora cinco generais no primeiro escalão do governo. A pergunta proposta aos três qualificados entrevistados foi se a opinião público aceita militares de volta ao poder? E se aceita, como reage?
Análises lúcidas e bem interessantes, já que o programa na rede digital permite análises mais bem feitas, sem aquela paranóia do tempo televisivo na Globonews, onde ele apresentava até o começo deste ano programa de mesmo nome. Levou-se em conta a passagem dos militares pelo poder político brasileiro entre 1964 e 1985 e a sua experiência administrativa e filosófica.
Os entrevistados foram unânimes que a opinião pública brasileira não só aceita os militares na gestão, como aprecia a sua preparação estratégica e nacionalista. Foi lembrado que os militares brasileiros vem da classe média, que é uma camada intermediária e balizadora entre os ricos e os pobres. Conserva os valores sociais, promove o andamento da dinâmica política, social e econômica. Possui o melhor poder de compra e ainda guarda os valores sociais. Sendo assim os militares não são a elite como são os de todos os países latinoamericanos.
Outro ponto é seu reconhecido nacionalismo baseado na crença de pátria, depois do período de esquerda em que o conceito foi deturpado pra um projeto ideológico. O que se discutiu no programa e gerou a melhor parte do debate foi que os generais e outros grupamentos de oficiais das três forças que participarão do governo Bolsonaro não participarão de um projeto de poder político. Servirão a um projeto de governo como técnicos qualificados.
Depois do fim do regime de 21 aos de poder político militar, eles se recolheram aos quartéis e as gerações seguintes tomaram medo da política. Mas internalizaram estudos pra se reconhecerem nos seus erros e acertos ao longo dos 21 anos entre 1964 e 1985. Hoje estão muito preparados estrategicamente pra reconhecer a nação brasileira e os seus caminhos no que tange à ideia do desenvolvimento e do nacionalismo. Um general percorre nos seus 35/40 anos de carreira uma extensa carreira acadêmica sobre o país, o seu desenvolvimento econômico, social e político. Mora e serve em até 40 transferências de domicílio. Conhece, portanto, os problemas nacionais na sua cara mais íntima.
Gostaria de estender o assunto, mas o espaço é curto. Encerro o artigo assinalando que a presença militar não será uma presença política. Será presença no governo numa visão de nação. Uma leitura diferente da leitura supostamente acadêmica dos últimos anos da esquerda, baseado nas teorias dos livros e pouco ou quase nada do real deste país chamado Brasil.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.