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Projeto de hidrovia do Rio Paraguai ameaça de morte o Pantanal, diz Lúdio
Por Laíse Lucatelli
06/10/2020 - 19:18

Foto: Fablício Rodrigues


Hidrovia altera curso do rio e aumenta velocidade da água, afetando o ciclo de cheia e seca do Pantanal


O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) alertou que o projeto de hidrovia do Rio Paraguai coloca em risco o Pantanal. A proposta da hidrovia prevê alterar o curso do rio, tornar o leito mais profundo e aumentar a velocidade de escoamento da água para permitir a navegação de grandes embarcações de carga, principalmente para transporte de soja. Com isso, o ciclo das águas no Pantanal seria alterado, pois o Rio Paraguai é o principal rio que alimenta o bioma.

“Temos que fazer escolhas. A prioridade é preservar o Pantanal ou vamos continuar reféns desse discurso? A população de Cáceres vem sendo enganada há mais de 30 anos com esse discurso. Será que não está na hora de enterrarmos de vez essa proposta de hidrovia no Rio Paraguai? Essa hidrovia serve a quem? Serve à soja. A hidrovia do Rio Paraguai vai decretar a morte do Pantanal”, afirmou Lúdio.

Lúdio defende que seja fomentada a navegação turística no Rio Paraguai e o ecoturismo no Pantanal. “O Rio Paraguai sempre teve navegação e é importante que a navegação histórica continue. Eu quero ver chalana e ecoturismo no Rio Paraguai. O ecoturismo depende desse modelo de navegação. Mas não podemos aceitar o modelo de navegação que exige destruição do leito do rio, que é o que o projeto de hidrovia prevê, para permitir o escoamento das grandes cargas de soja”, afirmou.

Em audiência pública sobre as queimadas do Pantanal realizada em setembro, Lúdio Cabral reuniu diversos pesquisadores e cientistas, que apontaram a hidrovia como uma das graves ameaças ao Pantanal. Além disso, os pesquisadores explicaram que as hidrelétricas, o desmatamento e a expansão das grandes monoculturas nas nascentes e margens dos rios que alimentam o Pantanal já provocaram alterações no ciclo das águas, com grandes estragos para o bioma. Tudo isso agrava a seca, e uma das consequências é o aumento do fogo descontrolado no Pantanal.

“O fogo no Pantanal é a febre. A doença é falta de água. E por que está faltando água? Primeiro tem o contexto global das mudanças climáticas. Segundo, algo que está acontecendo aqui há bastante tempo, e que altera todo o ciclo das águas: o desmatamento da floresta Amazônica e a destruição do Cerrado para colocar soja no lugar da vegetação nativa. De forma resumida, a floresta produz água e o Cerrado armazena. E tudo isso está sendo destruído”, disse Lúdio.

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