A música gospel ecoa pela Cadeia Pública de Cáceres, onde 374 homens cumprem pena privativa de liberdade. A força de vontade de vencer e alçar novos voos é o que move muitos desses homens.
Um deles tem 38 anos e é natural do Paraná. Ele cumpre pena há um ano e seis meses por ser preso ao fazer um frete de caminhão carregado de drogas entre os dois estados.
Ele conta que era gerente de uma choperia em Maringá, ganhava bem, mas perdeu o emprego na pandemia. Com uma oferta de R$ 10 mil, topou fazer o trabalho ilícito.
“Errar é uma coisa, mas eu nunca vivi no crime, a gente não pensa em maldade. Eu aprendi para nunca mais voltar, entender que errar todo mundo erra, basta olhar para frente e não persistir no erro. Eu tenho família, tenho casa, sou casado há 15 anos, vou ficar até o final, vou voltar a trabalhar e voltar a estudar. Nós temos que ter dignidade”, conta, emocionado.
Na cadeia, o reeducando trabalha conduzindo a produção de alface hidropônica, lê livros, estuda matemática – curso que fazia graduação antes de ser preso – e ajuda outros reeducandos na busca por conhecimento.
Em Cáceres, é realizado o projeto Reviver, que proporciona trabalho e remição de pena aos reeducandos. Durante a inauguração do espaço físico do projeto, ele escreveu uma carta de agradecimento pela iniciativa.
“Não podemos deixar de agradecer o coordenador do projeto por acompanhar, acreditar e incentivar esse projeto, assim como o Conselho da Comunidade, mostrando para familiares e sociedade que o conhecimento, o trabalho e a dedicação têm o poder transformador na vida de pessoas que antes não haviam perspectivas, em pessoas melhores e quando colocados em liberdade diminuindo assim a reincidência no sistema carcerário”, diz trecho da carta.
Ao todo, 57 homens fazem parte do projeto Reviver.