Mato Grosso já registrou 305 homicídios dolosos entre 1º de janeiro e 30 de abril de 2022. Número é 21% maior que no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 253 assassinatos. A cada 9 horas uma pessoa foi executada e a maior concentração de crimes ocorre no interior. A disputa pelo território do tráfico de drogas e a punição decretada pelo “tribunal do crime”, por lideranças da facção Comando Vermelho (CV), estão entre os principais motivos das execuções.
Dados da Secretaria Adjunta de Inteligência da Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp) mostram que a violência no interior cresce. Enquanto os homicídios tiveram redução de 38% na Capital e 32% em Várzea Grande, no comparativo entre 2020 e 2021, em pelo menos 6 Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp) os homicídios cresceram. Na região de Barra do Garças, o aumento foi de 44% e em municípios da fronteira com a Bolívia, tendo como polo a cidade de Cáceres, saltaram 31%.
Entre as vítimas que têm decretada a sentença de morte pelos faccionados estão usuários de drogas em dívida com traficantes ou mesmo os vendedores de drogas que se negam a pagar as diversas taxas de autorização impostas pelo CV, facção que predomina no Estado. Os que compram o entorpecente de outro fornecedor que não é membro da facção também são alvos. Até usuário de droga tem que se adequar às regras da facção, caso contrário está sujeito a eliminação.
Mas também existem outros motivos que levam à decretação da morte de homens e mulheres. Com código rígido, a facção não aceita o envolvimento com mulheres casadas ou mesmo com esposas de criminosos que estão presos. Conforme do delegado Braulio Cunha Junqueira, da Delegacia de Homicídios de Sinop, este ano, na cidade, praticamente todos os homicídios investigados têm como motivação ações do crime organizado ou do tráfico de drogas.