1964 começou como em 2013
Por por Onofre Ribeiro
15/06/2013 - 09:41
A governabilidade e o funcionamento de um país se baseiam em fundamentos políticos, econômicos e sociais. No Brasil de 1964 eles estavam em profunda confusão, ainda que num país mais simples de 70 milhões de habitantes em 1960. Naquele período a economia estava mal e indo mal, decrescente, a sociedade em conflito, a política muito dividida e enorme confusão nos meios urbano e rural, além de crescente inflação.
Naquele momento os militares brasileiros estavam preparados para assumir o governo, porque já se preparavam desde o movimento tenentista de 1922, quando assumiram papel de oposição á República do Café com Leite.
A História os mostra presentes na vida política do país em movimentos como a Revolução de 1930, a queda de Getúlio Vargas, a sua substituição pelo Marechal Eurico Gaspar Dutra, candidaturas militares como a do Marechal Juarez Távora, a queda de Getúlio Vargas em 1954, a queda de Jânio Quadros, a tentativa de impedir o vice Joâo Goulart assumir e, finalmente, o golpe de 1964.
Em 1985, exaurido o regime militar, vitimados pela Constituição de 1988, saíram da cena política e perderam a cultura e o apetite político para governar o país.
Esse período histórico que foi de 1922 a 1985, foram 63 anos de tentativas e construção de uma filosofia política que durou 21 anos. De 1986 até 2013 se foram 27 anos sob democracia em seis governos. Tem sido um período muito contraditório, na medida em que a democracia pressupõe debates e contradições.
Porém, em 2013 ocorreu uma crescente perda de substância e deterioração dos fundamentos econômicos, sociais e políticos na gestão Dilma. E a capacidade de reação é ruim, porque a crise não está sendo provocada pela oposição como em crises anteriores.
Toda a crise econômica, social e política é produzida pelo próprio governo, já que a oposição não se articula.
Dito isso, é de se pensar que num ano pré-eleitoral a tendência é que se aprofundem os conflitos internos entre o PT e PMDB e base aliada, por exemplo, em busca de maiores fatias de poder político e interessados no máximo enfraquecimento do governo, por sua fraca interlocução política e pouco apetite para debater democraticamente.
Porém, fica a questão: não havendo militares preparados, quem estaria pronto para ser o interlocutor numa possível crise que se avizinha rapidamente?
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso