A morte de um sonho
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27/05/2012 - 05:33
Maiana Vilela Mariano, de 16 anos, que morava numa casinha modesta, no bairro CPA 4, na periferia da Capital mato-grossense, possivelmente, era uma jovem sonhadora e, talvez, inconformada com a situação de pobreza, assim como muitos jovens da sua idade que são vítimas dos apelos de uma sociedade consumista, cruel e insana, regida por marcas e grifes que representam status e cujo produtos, desde um tênis a uma simples pulseira, não estão acessíveis às posses e rendimentos de uma adolescente da sua classe socioeconômica. Classe digna, honrada, mas destituída economicamente.
A menina Maiana, provavelmente, só ou junto com outras moças e garotos, frequentava os shoppings, templos capitalistas erigidos ao deus-consumo, e também, muito possivelmente, ao mirar as vitrines reluzentes, decoradas com apuro e capricho, das lojas e boutiques, devia se perguntar: “Por que outros podem ter e eu, não?!”
Uma interrogação carregada de inconformismo, de incompreensão mesmo com as desigualdades e injustiças sociais e que se constitui no primeiro sintoma que, não raras vezes, impulsiona crianças e adolescentes a trilhar caminhos que, ao invés de encurtar o acesso a determinados bens sedutores, podem levá-los da condição de pobres para a miséria da degradação humana, quando não à morte.
Vulneráveis que eles são, esses moços e moças se transformam em vítimas de um sistema impiedoso e sem alma, e acabam triturados pelas engrenagens diabólicas das miragens fashions mundanas.
Pessoas que, nessa quadra ainda tenra da vida, se tornam presas fáceis de aproveitadores , dentre os quais verdadeiros monstros, como é o empresário que se aproveitou da fragilidade econômica, social e da falta de maturidade da menina para, com promessas falsas de juras de amor e de uma vida melhor, seduzi-la e mandar assassiná-la, de forma fria e covarde.
A morte de Maiana, nessas circunstâncias, é a nossa própria morte enquanto organização social e política que não prioriza a educação, não investe na formação da sua juventude, preparando-a mais adequadamente para não se deixar iludir por falsos emblemas.
Choro por ela, por você e por mim!
(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista do Página Única. www.mario@paginaunica.com.br