Jornalista e empresário é mais uma vítima de hantavirose em MT
Por Redação 24 Horas News
20/10/2013 - 16:46
O empresário César André Leimann, 43 anos, é mais uma vitima do vírus da hantavirose. Ele faleceu em Tangará da Serra, cidade do médio Norte de Mato Grosso e foi sepultado no final da tarde de quinta-feira em Sapezal, onde residia.
Segundo o Secretário de Saúde de Campo Novo do Parecis, Claudiomiro Botin, a confirmação de que César André Leimann foi vítima realmente de hantavirose, será feita após declaração de óbito emitido por um médico, após receber exames do hospital em que a vítima estava internada.
"Muito provavelmente a causa da morte foi em consequência da hantavirose. Exames confirmaram que após ser internado, ele havia contraído o vírus.", disse o secretário.
César André estava internado na UTI de Tangará da Serra há mais de 60 dias.
Jornalista, casado, pai de dois filhos do primeiro casamento e de uma menina de três meses, fruto do atual casamento, o empresário havia se instalado em Campo Novo do Parecis há 5 anos, onde trabalhava com uma gráfica e era diretor dos jornais impressos "Diário de Sapezal" e "O Diário". Atualmente ele trabalhava no ramo de comunicação visual com a empresa Líder Print em Campo Novo do Parecis.
Hantavirose (Dr. Drauzio Varella)
Hantavirose é uma enfermidade aguda, bastante grave, de distribuição universal, provocada por diferentes sorotipos de Hantavirus eliminados nas fezes, urina e saliva de roedores silvestres. Na maior parte dos casos, a transmissão para o homem se dá em ambientes fechados pela inalação de aerossóis (partículas suspensas na poeira) provenientes das secreções e excretas dos hospedeiros, que funcionam como reservatórios do vírus. Ela pode também ocorrer pelo contato direto com esse material infectado ou através de ferimentos na pele, assim como pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Embora menos frequente, mordeduras desses animais são outra forma possível de contágio. A hantavirose é uma doença de notificação compulsória e de investigação epidemiológica obrigatória. O objetivo é localizar os focos de transmissão dessa doença de distribuição universal, e implantar medidas de controle da zoonose e de tratamento das pessoas já infectadas.
Classificação
A hantavirose pode manifestar-se como uma doença febril, aguda e inespecífica ou sob formas mais graves como a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), prevalente na Europa e Ásia, e a síndrome pulmonar por hantavirose (HPS), com maior incidência nas Américas, onde o número de casos, muitos deles letais, tem aumentado nos últimos tempos.
Grupos de risco
São considerados grupos de risco para as hantaviroses: os moradores das áreas rurais, especialmente os envolvidos em atividades agropecuárias e de reflorestamento, os trabalhadores encarregados da limpeza de paióis, celeiros e galpões para o armazenamento de alimentos e ração. Fazem parte também do grupo de risco as pessoas que fazem trilhas ou acampam nas matas.
Sintomas
O período de incubação pode variar de5 a60 dias. Em parte dos casos, a hantavirose pode ser assintomática. Prova disso é a presença de anticorpos circulantes em portadores do vírus que nunca manifestaram sinais da doença. Nos outros casos, nas fases iniciais, os principais sintomas são febre alta e dores musculares (mialgias), dor de cabeça, náuseas, vômitos e diarreia. Alguns sintomas de instalação súbita são mais específicos da SHFR: aumento da ureia no sangue (uremia), diminuição na produção de urina (oligúria), sangramentos gengivais, petéquias (pequenas manchas avermelhadas ou arroxeadas pelo corpo), insuficiência renal e choque (queda de pressão que causa comprometimento do funcionamento normal dos órgãos). Tosse seca, falta de ar (dispneia), hipotensão arterial, insuficiência respiratória causada pelo acúmulo de líquido nos pulmões (edema) e colapso circulatório são característicos da síndrome cardiopulmonar por hantavirus.
Diagnóstico
O diagnóstico considera as queixas e sintomas do paciente e as condições do local que visitou recentemente ou onde vive e trabalha. A confirmação, porém, depende dos resultados de exames que detectam anticorpos produzidos pelo organismo contra o hantavírus, como o ELISA IgM e IgG, a imunofluorescência indireta, neutralização, hemaglutinação passiva, western-blot, PCR e coloração imuno-histoquímica
Prevenção
Não existe vacina contra a hantavirose, uma doença emergente, mas pouco conhecida. Até o momento, a prevenção baseia-se na implementação de medidas que impeçam o contato do homem com os roedores e suas excretas. Para tanto, é preciso adotar práticas de higiene, saneamento e manejo ambiental que impeçam a aproximação desses animais e revertam em condições mais adequadas de moradias e dos locais de trabalho, especialmente para as populações de maior risco.
Tratamento
Não existe tratamento específico para nenhuma das formas de hantavirose. As alternativas terapêuticas limitam-se à introdução de medidas de suporte na fase aguda em ambiente hospitalar, preferivelmente em UTIs. Apesar do risco de morte que representa, a hantavirose pode ser curada desde que o diagnóstico seja feito precocemente e os pacientes recebam os cuidados necessários sem perda de tempo.
Recomendações
* Saiba que o hantavirus é inativado em poucas horas quando exposto ao sol. Por isso, antes de entrar num local que fica permanentemente fechado, a pessoa deve abrir portas e janelas para promover a entrada de ar e luz solar;
* Nunca varra ou espane os lugares que possam servir de habitat ou passagem para os roedores. A limpeza deve ser feita sempre com panos úmidos embebidos em desinfetantes;
* Estoque os alimentos em utensílios fechados e lave pratos e talheres logo depois de usá-los;
* Tome todo o cuidado se pretende acampar. Arme a barraca com fundo impermeável numa clareira afastada da mata;
* Mantenha a área ao redor das casas sempre limpas e livres de vegetação que possa abrigar roedores;
* Certifique-se de que o lixo está sendo descartado de modo adequado;
* Mantenha as mãos sempre limpas e bem lavadas.