Advogados e servidores usam máscaras nos presídios
Por Diário de Cuiabá
31/10/2013 - 11:24
Advogados, servidores e familiares dos reeducandos estão apavorados com o alto índice de tuberculose em três das principais penitenciárias do Estado, sediadas em Cuiabá, que são a Central(PCE), CRC(Carumbé) e Feminina.
Há advogados e funcionários do sistema prisional condicionando o ingresso nos presídios ao uso de máscaras. Cerca de duas semanas atrás, dois funcionários do Sistema Prisional, que trabalharam na sede da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos(Sejudh) e fazem o controle de compra dos presídios foram diagnosticados com a doença.
O número de presos com a doença, conforme dados oficias repassados há mês, já seria superior a 190, assim como o de agentes prisionais, 13. Advogado e professor universitários, Yann Dieggo de Sousa Almeida, 29 anos, que atua principalmente na área criminal, diz que não se sente totalmente protegido, nem mesmo usando máscara. Com dezenas de clientes atrás das grades, Almeida estima que pelo menos 30% deles são portadores de tuberculose.
Como faz visitas na PCE até duas vezes por semana, Yann Almeida entende que está diretamente ao bacilo causador da doença. Os casos da doença e o medo do contágio já viraram tema de debates e críticas contra o governo do Estado nas redes sociais.
Ao ver uma foto do colega advogado Yann Almeida usando máscara e informando que estava ido para o presídio, o professor Francisco Jawsnicker, 47 anos, reagiu: “ou pega a doença como eu”.
À reportagem, o professor contou que há cinco anos, em 2007, quando atuava no Núcleo de Prática Júridica(NPJ), período em que fazia muitas visitas aos presídios, em especial ao PCE, foi diagnosticado com tuberculose.
Além de dar aulas e prestar assistência jurídica gratuita a presos como parte do ensino, Jawsnicker trabalhava como servidor do Tribunal de Justiça, na assessoria da desembargadora Shelma Lombardi.
Foi em um corredor do TJ que se sentiu mal, falta de ar ao ponto de não conseguir caminhar e febre alta. Dias depois recebeu o diagnóstico de tuberculose. “Não havia ninguém na família ou entre amigos com a doença, a única possibilidade é de contaminação durante presídio ou contato com presos”, completa.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes Prisionais, João Batista Pereira, o número de casos é superior aos oficiais, mas ninguém sabe ao certo quantos.
Para o gerente de Saúde do Sistema Prisional, Osamo Delgado, não há razão para pânico. Ele diz que desconhece números diferentes dos oficiais. Indagado se, diante de seu posicionamento, poderia se dizer que a situação está tranquila, sobre controle, Delgado respondeu: “estamos fazendo o que foi preconizado”.