Roteiro incompleto/Dilma na Fronteira MT-Bolívia
Por Editorial Diário de Cuiabá de domingo,9/2/2014
09/02/2014 - 15:23
Mato Grosso recebe na terça-feira desta semana a visita da presidente Dilma Rousseff, que em Lucas do Rio Verde lançará oficialmente a Colheita Nacional de Soja. Será a segunda vez em que ela estará no território mato-grossense após assumir a Presidência. No ano passado Dilma inaugurou o terminal de embarque de cargas da ferrovia da América Latina Logística (ALL), em Rondonópolis.
A soja é o principal item da pauta das commodities agrícolas para exportação e a maior lavoura brasileira. Lucas é um dos principais polos do agronegócio nacional e seus produtores rurais estão em campo colhendo esta leguminosa desde o final de 2013.
A cadeia do agronegócio alcançou índices invejáveis de produção, de transformação de proteínas vegetais em proteínas animais, na agroindustrialização e de volumes de venda ao mercado internacional. Costuma-se dizer entre os produtores rurais que ao governo federal basta não atrapalhar o setor, porque o mesmo se encontra num patamar que o mantém num nível de independência ao Planalto.
Dilma vai falar sobre produção e economia com produtores rurais que são exemplo de competência até mesmo para seus colegas nos centros agrícolas avançados dos Estados Unidos e Argentina. Sem prejuízo à solenidade em Lucas, mas a presidente poderia aproveitar sua agenda para tratar de problemas que afligem a população.
Em nome de seus deveres no exercício do cargo, em respeito ao princípio federativo e em defesa da população mato-grossense Dilma teria que ir a Cáceres acompanhada pelo ministro da Defesa, os comandantes das três Armas e o diretor da Polícia Federal para apresentar um plano de ação capaz de – quando nada – reduzir a índices ditos suportáveis a ação das quadrilhas transnacionais que agem na fronteira seca e alagadiça de quase mil quilômetros em Cáceres, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro.
Dilma é bem-vinda, mas Mato Grosso não pode se dar por satisfeito com a presidente enquanto a fronteira estiver desguarnecida em termos de vigilância policial, o que facilita a ação dos barões da cocaína, que se utilizam da malha rodoviária mato-grossense para abastecer o tráfico doméstico e também como rota para a distribuição nacional e até mesmo para destinos na Europa e outros continentes.
Na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia a presença do Exército é simbólica e a da Polícia Federal também. Nos últimos anos naquela região foram desativados dois postos rodoviários da Polícia Rodoviária Federal. Lá, a estrutura basilar do policiamento é de responsabilidade da força policial estadual Gefron, mantida por meios de convênio do Estado com a União.
Nossa fronteira é um imenso vazio demográfico, enfrenta problemas fundiários e antigas propriedades se encontram na mira de organizações não governamentais que insistem na criação de reservas indígenas. Esse cenário sombrio exige que Dilma apresente solução e que o faça olhando nos olhos da população.
Dilma é bem-vinda, mas Mato Grosso não pode se dar por satisfeito com a presidente