As principais ocorrências médicas no período do Carnaval estão relacionadas direta ou indiretamente com o consumo e o abuso do álcool e também de drogas ilícitas. Entre esses registros lideram a lista de atendimentos os casos de embriaguês, acidentes automobilísticos e brigas em geral.

A observação é do médico Marcelo Sepulveda, especialista em Cirurgia Geral e coordenador do Pronto Atendimento (PA) do Hospital Santa Rosa, em Cuiabá. Em sua avaliação o Carnaval se assemelha a uma maratona e assim como os atletas, o folião deve se preparar antes para participar do evento sem colocar a própria vida e a dos outros em risco.

Diante do aumento da ingestão alcoólica nesse período o médico faz um alerta à população para que mantenha os cuidados básicos com a alimentação e principalmente com a hidratação do organismo. Ele explica que a falta de atenção com esses itens potencializa o efeito do álcool e tem levado  muitas pessoas a necessitar de atendimento médico.

O diretor do PA explica que a ingestão do álcool associada ao uso de drogas ilícitas como a cocaína, por exemplo, tem agravado o quadro de muitos pacientes e nesse sentido ele destaca a importância do paciente ou seu acompanhante em prestar informações reais sobre as causas que o levaram a procurar o médico.

Marcelo Sepúlveda pontua que saber qual droga o paciente fez uso faz a diferença em um diagnostico e até em uma conduta mais rápida para reverter um quadro grave de uma arritmia cardíaca, parada cardio respiratória ou parada respiratória. Ele ressalta que os procedimentos são diferentes para os casos de excesso de álcool e de drogas ilícitas, portanto, a informação no tempo correto é de grande valia para o êxito no atendimento.

Sobre esse aspecto ele explica que não compete ao médico julgar o paciente, mas sim, prestar-lhe o atendimento correto dentro da relação de confiança médico/paciente.

O médico também faz um alerta sobre o consumo de energéticos consumidos geralmente em associação com o álcool e drogas ilícitas. “O energético joga para frente o efeito da embriaguês, porém, impede o indivíduo de ficar embriagado, pelo contrário, o prejudica ainda mais porque tomando o produto a pessoa não lembra de tomar água e quando percebe o nível de embriaguês já está irreversível”.

Hidratação do organismo é essencial

“Energético não substitui a água e se houver consumo do produto associado às drogas, em especial  o ecstasy,o  quadro pode se agravar ainda mais é o que é pior, parar o indivíduo por desidratação”. De acordo com o médico, o energético é proibido em vários países devido aos compostos químicos empregados na fórmula e que podem estar relacionados com o câncer precoce em alguns órgãos.

A faixa etária dos que procuram atendimento médico no período de Carnaval é outro fator destacado pelo médico. Ele argumenta que nesse período sempre atendeu pacientes jovens, porém, ressalta que a idade está cada vez mais reduzida.

Há alguns anos atendíamos pacientes, em sua maioria, com idade entre 25 e 30 anos. Hoje, predominam os atendimentos aos jovens de 18 e 17 anos  e até em adolescentes de menor idade, que muitas vezes são encaminhados ao atendimento médico por amigos que por medo de complicação com a lei abandonam o paciente assim que ele começa a receber o atendimento.

Protocolo específico

Diante da prevalência de casos de paciente jovem com dor na região do coração, o médico explica que o Hospital Santa Rosa criou o Protocolo de Dor Torácica, utilizado para minimizar os riscos das patologias mais graves, considerando que esse tipo de dor localizada pode indicar tanto uma esofagite como um infarto.  

Recomendações

Entre os conselhos aos foliões que desejam um Carnaval sem surpresas desagradáveis, o médico Marcelo Sepúlveda recomenda prudência, além do consumo de muita água, alimentação leve e ingestão de frutas, entre elas a banana, pela elevada capacidade calórica.