Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Alunos do IFMT encaminham documento ao Ministro da Educação
Por Estudantes do IFMT
17/06/2012 - 12:41

Foto: arquivo
“CARTA DE CÁCERES” Ao Ministro da Educação; Ao Magnífico Reitor do IFMT; Ao Diretor do IFMT Campus Cáceres; Aos representantes do Poder Público; Aos Representantes da Sociedade Civil Organizada Nós, educandos e educadores da Especialização em Educação do Campo: Saberes Pantaneiros e Socioeconomia Solidária, do Instituto Federal de Mato Grosso Campus Cáceres, Núcleo Avançado do Pantanal (NAPAN), estamos através deste documento reivindicando mudanças na política pedagógica e gestora de nossa Instituição, tendo-se em vista a necessidade de um sistema educacional que atenda as demandas emergenciais das camadas populares e, em especial, dos homens e mulheres do campo que trabalham em pequenas propriedades, comunidades tradicionais e em assentamentos na região sudoeste de Mato Grosso. Temos consciência de que a constituição da Rede Federal Profissionalizante no Brasil, no início do século XX, foi para atender as demandas do grande patronato e para limitar os avanços políticos da jovem classe operária que desejava conquistar direitos trabalhistas. Também temos clareza que a fundação da antiga Escola Agrotécnica Federal de Cáceres (EAFC), atual IFMT Campus Cáceres, esteve ligada aos marcos do Regime Militar e de sua Doutrina de Segurança Nacional (DSN) de origem estadunidense, que previa a “colonização” das áreas de fronteira na região oeste, ao instaurar médias e grandes propriedades para atender o mercado agroexportador, expropriando economicamente grandes levas de posseiros, pequenos proprietários, comunidades tradicionais e indígenas. Sabemos que a função educacional, da antiga EAFC, atual IFMT, era, e é, de formar mão de obra qualificada para os lucros do agronegócio. Em nosso 8ª Encontro do Tempo Escola, realizado de forma excepcional no Campus Cáceres, entre os dias 27 e 29 de janeiro do corrente ano, tivemos a oportunidade de comprovar que a maioria dos cursos ofertados na Instituição é de perfil agrícola, porém, nenhum voltado a atender, pedagoga e metodologicamente, aos anseios e práticas da Agricultura Familiar, das comunidades tradicionais e de movimentos sociais ligados à luta pela terra. Fato inadmissível, pois a grande maioria das pessoas que vive no campo em nossa região, vive em pequenas propriedades rurais, sendo que a sociedade de forma geral depende da produção agrícola para obter os produtos de subsistência do seu dia-a-dia. Acreditamos que por intermédio do ensino sustentado na Pedagogia da Alternância, no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias na área agrícola, respeitando nossos saberes e a nossa natureza; e, com realização de práticas extensionistas para dar suporte técnico e educacional, o IFMT Campus Cáceres pode contribuir para a permanência de milhares de pequenos agricultores na terra, gerando renda e desenvolvimento sóciocultural para nossa sociedade. Em pleno século XXI, torna-se necessário que a centenária Rede Federal de Ensino Profissionalizante e, consequentemente, o Campus Cáceres, com seus mais de trinta anos de existência, repense suas funções sociais e suas ligações com as camadas mais pobres e trabalhadores de nossa sociedade. Sendo assim, nós, educandos e educadores ligados ao Curso de Especialização de Educação do Campo: Saberes Pantaneiros e Sócio-Economia Solidária, propomos e defendemos os seguintes princípios: · Criação de cursos, ou readequação dos já existentes, que adotem o ensino integral emancipatório, ligados às verdadeiras demandas no mundo do trabalho agrícola, com a garantia do uso da Pedagogia da Alternância, com os distintos, mas integrados, Tempo-Escola e Tempo-Comunidade; · Criação de projetos de pesquisa, ensino e extensão que fortaleçam os pequenos agricultores, garantindo, assim, a soberania alimentar em nossa região; · Garantia da aplicação de ensino que defenda nossos saberes tradicionais e nossa cultura matogrossense; · A garantia da aplicação do ensino e de práticas de pesquisa e extensão que defendam nossas riquezas naturais e sócio-culturais e, em especial, o Pantanal e os pantaneiros. · Adoção de uma nova educação, construtivista e libertadora, que construa um novo homem e uma sociedade diferenciada, mais justa, igualitária e fraterna. Este documento nasceu das inquietações dos educandos do Curso de Especialização em Educação do Campo: Saberes Pantaneiros e Sócio-Economia Solidária – CEEC, no seu 80 Tempo-Escola, realizado no campus do IFMT, em Cáceres-MT, e amadurecido, refletido, discutido e aprovado no 90 Tempo-Escola, realizado no Núcleo Avançado do Pantanal/IFMT/Poconé-MT, em 26 de fevereiro de 2012.
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